Sunday, October 15, 2017

LISBOA, AMOR AO PASSADO


Alguns povos de Espanha podem não se sentir confortavelmente sob a mesma bandeira mas nunca senti da parte daqueles com quem contactei, ocasionalmente ou por razões profissionais, algum resquício de chauvinismo relativamente a Portugal. Mas conheci, e conheço muitos portugueses, que continuam a sentenciar que "de Espanha nem bom vento nem bom casamento". 

Habituei-me desde muito jovem ao convívio com espanhóis que nos meses de Agosto e Setembro desciam de Salamanca, Castelo Rodrigo, Zamora, e de outras paragens de Castela, para a praia que noutros tempos foi reclamada "a rainha". E sempre me perguntei se, visto à distância de mais de três séculos, em 1640 não se redobrou o isolamento de Portugal relativamente ao centro da Europa, onde se desenrolava o progresso o cultural e económico. Não pode rebobinar-se a história mas podem avaliar-se as consequências das circunstâncias que nos conduziram por um caminho e não pelo outro. 

Alguns anos antes dos acontecimentos, que fizeram evoluir Portugal e Espanha para regimes democráticos e, posteriormente, com a entrada na União Europeia, para a eliminação das fronteiras fiscais entre os dois países, a raia era, de um lado e doutro, a faixa mais deprimida económica e culturalmente da Península Ibérica. Do estrangulamento das comunicações provocado pela barreira fronteiriça continuam ainda hoje os povos do interior a sentir-lhe os efeitos porque não se desobstruem em três décadas as bloqueios com séculos. 

A propósito registo um artigo - Lisboa, amor al pasado - publicado anteontem no "El País", um jornal onde, com alguma frequência, se podem ler notícias, comentários, reportagens sobre Portugal. 
Nem sempre laudatórias, diga-se em abono da isenção de um dos mais prestigiados jornais do mundo.
Nesta edição o assunto são as lojas antigas de Lisboa "ameaçadas pelo turismo massivo, estando o município a tentar travar o seu desaparecimento". 



En la barbería Campos (1886) se afeitaba el escritor Eça de Queiroz
 y uno de sus clientes es el presidente portugués, Marcelo Rebelo de Sousa. 

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