Saturday, January 16, 2016

A TODOS OS TÍTULOS

O FT publicava anteontem - Portugal accused of picking fights with foreign investors -, um artigo que resume o sentimento, que perpassa neste momento  na imprensa internacional, de menos honorabilidade de Portugal nas negociações com investidores estrangeiros. 

Podem invocar-se razões eventualmente válidas do ponto de vista da tramitação legal dos processos em Portugal mas são argumentos   sem vencimento externo e, não menos grave que isso, podem não ter acolhimento junto dos tribunais onde as eventuais conflitualidades venham a ser julgadas. 

Os contratos de subconcessão dos transportes colectivos de Lisboa e Porto ainda não tinham sido visados pelo TC, a privatização da TAP foi concluída pelo anterior governo na véspera de saída, são provavelmente bons argumentos para o sr. António Costa fustigar o sr. Passos Coelho, ou vice-versa, na Assembleia da República, mas não limpam a má imagem que o conflito partidário interno projecta nos meios externos.

Hoje, a primeira página do Expresso é, pelo mesmo lado, um montra de outros conflitos que, para além de arrasar ainda mais a credibilidade externa de Portugal, coloca mais umas quantas parcelas na soma de responsabilidades que os contribuintes terão de pagar:

- Centeno não seguiu recomendação do BCE para o Banif - custo estimado, mil milhões de euros.
O sr. Centeno dirá que o grande culpado do buraco Banif foi o anterior governo, que fez por ignorar o que se passava num banco onde o Estado tinha passado a ser accionista muito maioritário após a recapitalização. E desta discussão, pelo poder de decidir mal ou a más horas, resulta o assalto aos que não têm culpas no cartório para além das que decorrem de viver aqui.

- Suspeitas de crime com obrigações do Novo Banco - Nesta saga, com fim cada vez mais longínquo, é hoje muito claro que  os incumbidos de defender os interesses do Estado se acusaram mutuamente mas continua completamente opaca a responsabilidade pelo contínuo aprofundamento do buraco BES. Desentenderam-se Carlos Tavares e Carlos Costa, agora o primeiro está de saída por termo de mandato na presidência da CMVM.
O sr. Carlos Costa, diz a imprensa, está isolado, nem no governo nem no BCE encontra encosto. 
Mas não cai! 
E continua, não sei se alegremente, a decidir por conta das contas que os contribuintes terão de pagar, não sendo visível que haja, efectivamente, contribuições dos banqueiros, que aliás, segundo o presidente da corporação, também não têm sido ouvidos,  no âmbito do Fundo de Resolução.

A continuar assim, quanto tempo faltará para um segundo resgate?


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