Sunday, March 08, 2015

A MULHER DO DIA

Os resultados apresentados pelo relatório do World Economic Forum de 2014 acerca das desigualdades entre homens e mulheres em todo o mundo - The Global Gender Gap Report 2014 - são, no mínimo surpreendentes. Portugal ocupa no ranking global a 39ª. posição ente 142 países, atrás de países como a Nicarágua, o Ruanda, as Filipinas, o Burundi, a África do Sul, o Equador, a Bulgária, a Moldávia, Moçambique, Cuba, a Bielorrússia, Barbados, Malawi, Bahamas, Lesotho, mas, ainda assim, à frente de Israel, da Itália, do Brasil, da China e (tinha de ser) da Grécia! 

Se não acedita veja a página 16 do The Global Gender Gap Report 2014 mas tenha em consideração que o nível de desigualdade calculado pelo WEF é o observado em cada país de per si. A menor desigualdade entre géneros na Nicarágua que na Itália, por exemplo, não fará, certamente, as italianas invejarem a condição feminina das nicaraguenses. Na página 314 encontrará um detalhe da avaliação da desigualdade em género observada em Portugal.

Anteontem, o governo português anunciou - vd. aqui -, pretender que as empresas cotadas em bolsa se comprometam que, até ao final de 2018, 30% dos seus administradores sejam mulheres. Caso este objetivo não seja cumprido, o governo pode avançar com uma lei de quotas  disse Teresa Morais, secretária de Estado da Igualdade à Renascença.

A ideia vem da União Europeia e é politicamente correcta. Os votos femininos excedem os masculinos em qualquer país da Europa. Imagino, contudo, que, para cumprir as quotas, daqui por três anos nos conselhos de adminitração as quotas femininas estejam preenchidas principalmente, se não exclusivamente, por mulheres ou amigas dos senhores administradores ou dos principais accionistas. E porquê apenas  as empresas privadas cotadas, por que razão não adopta, desde já,  o governo, ou a Assembleia da República, idêntica medida para os principais cargos da administração pública?
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Se houvesse, neste dia internacional da mulher uma votação para a "mulher do dia" em Portugal, fora da órbita dos laços afectivos de cada um, eu votaria em duas: Maria José Pereira e Mariana Mortágua, ambas com 28 anos de idade.
Nenhuma delas é administradora de empresas nem provavelmente serão candidatas a esses cargos mas desse facto não resulta nenhum handicap que as torne menos superiores ou menos influentes que os mais capazes indivíduos masculinos da sua geração quaisquer que sejam os cargos que estes ocupem ou venham a ocupar em qualquer empresa, cotada ou não.
Merkel, o mais poderoso político da União Europeia e dos mais influentes em todo o mundo, nunca, que se saiba, administrou empresa alguma.

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