Wednesday, February 25, 2015

O MILAGRE DA MULTIPLICAÇÃO DE EMPRESAS

Durante o período de ajustamento pela austeridade já encerraram milhares de empresas, principalmente nos sectores da construção civil, da restauração e dos pequenos comércios em geral. Este é um dos argumentos recordados por quem critica as políticas de austeridade adoptadas e  invoca que havia, e tem de haver, políticas alternativas. São geralmente pró-gregos.
Respondem os pró-troicanos que sim senhor, encerraram muitas empresas que não tinham viabilidade mas, vejam as estatísticas, foram criadas no mesmo periodo empresas em número muito superior ao das que encerraram.

Onde e em que sectores nasceram tantas empresas não nos dizem mas é muito provável que na maior parte  se situem em áreas de outsourcing de serviços, nomeadamente em "call centers" e, algumas outras em resultado de desdobramentos de grupos em empresas que, sendo parte dos mesmos universos empresariais recrutam os seus trabalhadores segundo regimes laborais menos favoráveis do que os garantidos aos que têm vínculos de trabalho junto das empresas originais. Estas engenharias laborais (e não só) determinam  alguns dos efeitos perversos das leis do trabalho que protegem de modo desigual os instalados e os candidatos, tanto nas empresas como nos serviços públicos.


Ouço no noticiário da antena 1 desta manhã que a Deco Proteste está a denunciar práticas comerciais agressivas  da Goldenergy que ludibriam consumidores de gás e electricidade de outros comercializadores oferecendo-lhes condições e formalizando contratos sem que esses consumidores alvo de tais práticas sejam informados de que estão a mudar de comercializador. Diga-se de passagem que entre a Deco e a Goldenergy existe (ou existiu) um protocolo que concede (ou concedia) um desconto no termo fixo dos contratos da Goldenergy aos sócios da Deco. Acrescente-se ainda que muito pouca gente saberá como é que a Goldenergy, que não consta que produza gás ou electricidade, ou que transporte energias, concorra em preços com a EDP, a Galp e a Endesa. 

Ouvido pela antena 1 o responsável pelas relações públicas da Goldenergy, respondeu que vão averiguar o que se terá passado, mas estranha que em algumas das empresas que trabalham para a Goldenergy em acções de promoção e comercialização, pagas consoante os contratos angariados, estejam a ser utilizadas práticas que contrariam as acções de formação dadas pela Goldenergy.

É assim: A Goldenergy não produz gás, nem electricidade, e mesmo os seus serviços  de vendas são realizados em regime de outsourcing, pagos à peça. 
Quantas empresas estão criadas ao abrigo de regimes deste tipo? Muitas.

No comments: