Monday, December 01, 2014

AS COISAS ANDARAM AO CONTRÁRIO, DIZ ELE

As acções da PT SGPS cairam hoje mais de 7% (chegaram a estar a perder 13%) depois de serem conhecidos os resultados no terceiro trimestre- prejuízos de 283,6 milhõesde euros - em consequência da desvalorização das acções da Oi. - vd. aqui. Entretanto,- vd. aqui - "as acções da Altice estão a valorizar mais de 5% na bolsa de Amesterdão, atingindo o seu máximo histórico, depois de a Oi ter confirmado que está em negociações exclusivas com a francesa para a venda da PT Portugal."

Anteontem, em viagem ouvi o sr. Carlos Tavares, presidente da CMVM, ser entrevistado num programa das manhãs de sábado da antena 1 acerca do seus dotes de músico, compositor e cantor amador. De questões financeiras, só no fim do programa deu conta que gostava de voltar à banca depois de terminado, dentro de um ano, o seu mandato na CMVM, para poder contribuir para a alteração do que devia já ter sido alterado depois da crise iniciada em 2007/8, e que não só não se alterou como andou para trás. Numa conferência, no dia anterior, tinha afirmado que "as coisas andaram ao contrário do que (ele) esperava," porque "Portugal necessita de um mercado (financeiro) mais desenvolvido" mas "a tendência tem sido exactamente a contrária".

É espantoso! O responsável pelo Instituto que tem a responsabilidade de velar pela transparência do mercado financeiro na parte transaccionada em bolsa lamenta-se, em fim de mandato, que as coisas andaram ao contrário. Por culpa de quem, não disse.

O caso PT SGPS é paradigmático da impunidade de uma gestão danosa que não fez até agora, nem provavelmente vai fazer, sair a CMVM da sua zona de conforto. A CMVM existe para garantir aos accionistas das empresas cotadas, e muito particularmente aqueles que não tendo participações qualificadas não intervêm decisivamente na sua gestão, a lisura de processos nas transacções que passam pela bolsa. 

Reconhece-se que a CMVM não pode acompanhar pari passui a gestão das empresas cotadas. Mas o sr. Carlos Tavares, pelo menos a partir do momento em que o escândalo foi tornado público, sabe que a PT financiava há largos anos o GES, em montantes que se renovavam e aumentavam, atingindo cerca de 900 milhões de euros.  E também não ignora que a PT se encontrava altamente endividada e as suas aplicações financeiras no GES só poderiam decorrer do concluio entre o presidente do GES e o presidente CEO da PT. Fez até agora alguma coisa para penalizar quem, na obscuridade da informação transmitida ao público, tramou o processo de desvalorização da PT? Não fez.

Resumindo: Como supervisor, o sr. Carlos Tavares é um razoável cantor amador.
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Correl. - (2/12) Altice tem que assar por accionstas e regulador para compra da PT Portugal
(2/12) - A Bolsa que as cotadas merecem - "2014 ficará na história por vários motivos, com a justiça à cabeça. Mas será também o ano em que a Bolsa portuguesa foi colocada nas ruas da amargura. A Bolsa portuguesa nunca foi um verdadeiro espelho da economia nacional. A divulgação de dados macroeconómicos em Portugal sempre teve menor impacto no PSI-20 do que qualquer indicador menos relevante nos EUA ou na China... "  
(2/12) - Esta bolsa não é para pequenos investidores - "Aumentos de capital que arrasam com carteiras, investimentos que afundam acções, e até decisões de gestão que levam investidores à ruína. Está a ser um ano pródigo de casos que minam a confiança dos investidores. Um risco para o futuro da bolsa. Um aumento de capital realizado a um cêntimo que arrasou as carteiras dos accionistas da Sonae Indústria. Um investimento de milhões de euros em dívida que pôs em risco uma fusão, afundando as acções ..."

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