Monday, September 22, 2014

ARMADILHAS PARA DOIS MINISTROS

A ministra da Justiça e o ministro da Educação pediram desculpas por terem tropeçado, mas de quem tropeça ri-se a populaça. E, nestes casos, os seus adversários políticos, internos e externos. 
Quando o prof. Nuno Crato aceitou a incumbência de governar o maior triturador de ministros deveria ter, à partida, alterado as regras do jogo. Deveria ter-se interrogado por que razão nenhum ministro da Educação, desde Abril de 74,  saiu do governo com nota positiva. E preparado o terreno para não se juntar à lista dos triturados. 

Não o fez. O governo da Educação, Ciência e etc., está tanto ou mais centralizado do que quando o actual ministro tomou posse. Um governo centralizado (que comentei há três anos aqui), do qual de dependem, de facto, directamente centenas de milhares de professores e outros profissionais da educação, que se propõe enfrentar a sistemática oposição reivindicatica dos sindicatos condena o seu líder a cair cedo ou a sair lesionado no seu prestígio. 

Resultado: Qualquer Nogueira acaba por derrotar facilmente qualquer Crato enquanto o ministério da Educação mantiver uma estrura centralizada e o ministro for de facto responsável por todos os actos de gestão do pessoal (nomeações, colocações, avaliações, etc.), além da elaboração das provas de exames nacionais, por exemplo.

Quanto ao ministério da Justiça a armadilha em que caiu a ministra é de natureza complatamente diferente. No dia em que o então bastonário da Ordem dos Advogados, agora político para todas as oportunidades, a classificou como "barata tonta" e a ministra ouviu e encaixou, não se lhe partiu o verniz mas percebeu-se que lhe faltam unhas. As alterações do mapa judiciário mexem com muitas aversões à mudança. E a ministra, de quem não dependem os agentes da Justiça, não tem um Nogueira pela frente mas muita gente habituada a manobras perigosas. A embrulhada do Citius - de que o Público dá hoje aqui uma ideia dos contornos dos conflitos motivadores - poderia ter sido evitada? Poderia se a ministra não consentisse que fizessem dela uma "barata tonta".

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