Tuesday, June 24, 2014

O GRANDE KILAPI

Há dias os jornais noticiaram que não tendo Ricardo Salgado obtido o apoio do governo português para obter um empréstimo de 2,5 milhões de euros, tanto quanto precisa para resolver a insolvência do segmento não financeiro do grupo, junto da Caixa Geral de Depósitos e do BCP, teria voado para Luanda à procura desses meios. E mais não se sabe.

E, no entanto, as relações financeiras entre os dois países nunca foram tão intensas como hoje. O que se passa em Angola passou a ser muito relevante para Portugal considerando o fluxo de investimentos financeiros de angolanos no nosso país. A inversa já é menos evidente. Em todo o caso o vôo  a Luanda do ainda presidente do BES confirma que é pela normal interconexão de interesses particulares entre personalidades dos dois países que se suporta a crescente interdependência económica entre Portugal e Angola.

Nada de anormal se dessa interconexão não resultarem efeitos colaterais negativos para os povos de um lado e de outro e infectarem as relações entre os dois povos. A propósito, recebi hoje via e-mail  um artigo publicado em  "Rede Angola" - "O Grande Kilapi", interessantíssimo na forma como revela um caso onde a sugestão de um palalelismo com o que se passou em Portugal não passa despercebido mesmo ao leitor menos atento.

Transcrevo parte, mas o artigo merece uma leitura inteira:

 "Foi notícia muito recentemente que o BESA (Banco Espírito Santo Angola), a sucursal local do BES (Banco Espírito Santo) foi desfalcado em cerca de 525 milhões de dólares, que são simplesmente um décimo dos 5,7 mil milhões de dólares que o banco emprestou sem proceder ao registo de quem recebia estes valores". ... "O capital vem do estrangeiro, ou pelo menos é de um banco estrangeiro. É, portanto, dinheiro privado. É emprestado a privados também. Mas, os valores não são devolvidos (pela simples razão de que os funcionários do banco nem sequer se deram o trabalho de registar os nomes das pessoas a quem se emprestava dinheiro). E aí o Estado entra. Parece que o Estado está a salvar o banco, e com isso salvar a economia angolana. Mas o que se passa na verdade é uma transferência de capitais do Estado para privados, através de intermediação de capitais estrangeiros. Ainda não temos uma bolsa de valores, mas já fazemos parte da grande finança internacional".



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