Tuesday, May 20, 2014

PORTALEGRE

Hà já uns largos anos já, visitámos  a Manufactura de Tapeçarias de Portalegre. Entristeceu-nos, nessal altura, o aspecto arruinado das instalações, encantou-nos a dedicação e arte das poucas artistas que ainda lá trabalhavam. A semana passada, encontrando-nos por ali perto, decidimos voltar a visitar a cidade e o seu ex-libris. A malha urbana alargou-se, a cidade tem agora uma envolvente moderna que a distingue da urbe parada no tempo que tínhamos encontrado há anos atràs. De qualquer modo, todos os caminhos em Portalegre continuam a levar-nos ao Largo do Rossio.

Já esquecidos da localização da MTP, tentámos descortinar onde se encontrava o posto de turismo. Não vendo à volta indicação alguma, pedimos a um motorista de táxi, ocasionalmente à conversa com um camarada de ofício, que nos dissesse que caminho tomar para ir às Tapeçarias. É fácil, respondeu o homem, sobe aí essa ladeira à direita, e depois, ... Depois disse que, era bem melhor que, antes da visita à manufactura, visitássemos o museu, uma coisa digna de ser vista, inaugurada há pouco tempo. Se vocês jà estiveram na Manufactura há uns anos atrás, não irão encontrar nada de novo porque está tudo mais velho. E onde fica? Suba essa rua ali à direita até encontrar o começo da muralha. É lá que fica a entrada.

Lá fomos. Avistámos a muralha, não vislumbrámos qualquer indicação de entrada, de modo que, duzentos metros à frente decidimos voltar para trás. À segunda tentativa, e com a ajuda duma jovem, descobrimos o acesso. O Museu é uma adaptação recente e bem conseguida de um palácio antigo. Vale a pena a visita. Na recepção, quando perguntámos pelo melhor caminho para ir à Manufactura, disseram-nos que estava tudo na mesma mas com menos pessoas a trabalhar. Desistimos da visita à Manufactura. Em Portugal, a indústria vai dando lugar à museologia da indústria. E ao novo riquismo com que os políticos  e os coniventes pōem os pacóvios de boca aberta.

Do lado oposto do acesso ao museu, após a passagem na muralha, contruiram duas quedas de água com uns três metros de altura, encimadas por dois pequenos lagos. Como é habitual, feito o investimento no cimento, faltou o dinheiro para o funcionamento. Os pequenos lagos são agora uns charcos, as àguas deixaram de cair, o sitío está isolado e deserto, por trás um casal fazia sexo ao vivo.
Podemos admitir que tenha sido este o objectivo último do projecto, mas custa caro ao contribuinte.

Uma inutilidade maior e, provavelmente, mais dispendiosa, é uma rampa de acesso a uma passagem encerrada, ao longo da muralha, em aço inox, vidro e um material plástico que não conseguimos identificar. A passagem nunca foi aberta, a rampa dá acesso a um portão fechado onde já crescem trepadeiras.

De volta ao Largo do Rossio, onde um edifício dos sec. XVIII, o palácio dos Póvoa é agora um armazém chinês a troco de uma renda mensal de 4000 euros, segundo informações ouvidas na praça, conseguimos descobrir encoberto nas trazeiras o posto de turismo.

Não há identificação do museu, não há identificação do posto de turismo, ...
Pois não. Mas reclamações não faltam. Por que é que o senhor não pōe também a sua reclamação por escrito?

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21/05/2014 -
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 "Quadros para uma exposição: o veado (de Tróia), D. Fuas e uma fumadora de ópio"
Júlio Pomar, nasc.  1926 (mais)
 tapeçaria da Manufactura de Tapeçarias de Portalegre, fio de lã policromado
assinada e datada de 1986, marcada MTP e numerada 2193 - 3/6
Dim. - 215 x 400 cm 
Vendido por €34.000

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