Thursday, October 24, 2013

OUTRA VEZ, A CAIXA

A administração da CGD anunciou hoje, vd. aqui, que

"No contexto da estratégia de desinvestimento em ativos não estratégicos da Caixa Geral de Depósitos, S.A. ("CGD"), a CGD pretende proceder à alienação de 54.771.741 ações ("Ações") representativas de aproximadamente 6,11% do capital social da Portugal Telecom, SGPS, S.A." , e que a venda se vai realizar sob a forma de uma oferta particular através de um processo de accelerated bookbuilding.

O anúncio, terá surpreendido, vd. aqui, até o presidente da PT, que, depois de observar que a CGD não estava pressionada em tempo pelas regras comunitárias para realizar esta operação, reconheceu que  “é matemático” que a empresa vai perder um accionista de referência e que a presença portuguesa fica enfraquecida, declarando ainda que o anúncio de hoje não deverá motivar conversações entre a gestão da operadora e a equipa liderada por José de Matos porque “(estão) perante um facto consumado, não vale a pena chover no molhado" e que, vd.aqui"Entristece ver alguns indivíduos e instituições a desistir de Portugal".

 

Numa altura em que decorre o processo de fusão da PT com a Oi, este anúncio inesperado da Caixa parece que só pode explicar-se por problemas prementes de tesouraria (o resultado da operação saldar-se-á por menos de 200 milhões de euros)  ou por menos confiança no futuro da PT enquanto partner minoritário na grupo Oi/PT.
 
Só quem defende a importância estratégica da Caixa, enquanto banco do Estado, o que não é o meu caso, pode explicar esta inopinada e obscura decisão da sua administração ou do Governo. Para mim, repito-me, a Caixa só nos tem trazido de há alguns anos a esta parte apenas impostos a pagar, quer através das consequências de operações incontroladas de importações excessivas de crédito, imitando a irresponsabilidade da banca privada em geral, quer através do crédito dirigido essencialmente ao financiamento de bens não transacionáveis, quer através de políticas de crédito que determinaram a especulação imobiliária, quer através dos prejuízos na Grécia ou em Espanha, por exemplo, quer, como resultante de tudo isso e mais o que seria fastidioso referir, os capitais comprometidos na sua recapitalização e nos aumentos de capital provocados pelos erros que, em nome da Caixa, foram cometidos.
 
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Act.- A venda foi efectuada ao preço unitário de € 3,48, representando, segundo este anúncio, "uma receita estimada de  € 190.605.658,68 milhões".
É óbvio que a palavra milhões está a mais.
Não são fortes em contas os caixeiros.

PT cai 3% e fecha ligeiramente abaixo do valor a que a CGD vendeu as acções (aqui)

Desde o início da crise financeira, em 2007, a participação da CGD na Portugal Telecom consumiu mais capital do banco do Estado do que os fundos próprios que gerou.
Desde o início da crise financeira, em 2007, a participação da CGD na Portugal Telecom consumiu mais capital do banco do Estado do que os fundos próprios que gerou. Tendo em conta os dividendos recebidos e as mais-valias ... (aqui)

 Sérgio Monteiro: Tutela não tinha conhecimento do momento em que Caixa ia vender PT (aqui)
 

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