Monday, June 24, 2013

E SE OS JUROS SOBEM?

A evolução das taxas de juro efectivas (yields) das dívidas soberanas dos países do sul da Europa tem sido um dos poucos resultados apresentados como sucesso das políticas fiscais e monetárias adoptadas pela União Europeia, e, muito em particular, na zona euro. Essa evolução, com flutuações que até agora têm provocado reacções de sinais contrários consoante o quadrante em que se posicionam (simplificadamente, pró ou contra a política de austeridade) os políticos e comentadores da praça, tem, inequivocamente, observado uma tendência decrescente.
A essa tendência se têm agarrado aqueles que acreditam, se confiarmos  nas suas declarações ou opiniões públicas, que o problema da dívida pública é solúvel apenas com a prossecução de uma política de equilíbrio orçamental e do tempo previsto, e entretanto alargado, para fazer inflectir o crescimento da dívida.
Subsistia interminável discussão, e eis senão quando, o senhor Ben Bernanke  o homem incumbido, na qualidade de Chairman da Reserva Federal dos EUA, de informar as decisões de política monetária tomadas pelo board de Governadores que integram o Sistema da Reserva Federal - Fed - espantou os mercados ao anunciar a redução dos estímulos à economia norte-americana, o que, em termos práticos, significa a redução das compras de dívida norte-americana e, consequentemente, a redução da liquidez e o aumento dos juros.
Consequentemente, além de outras convulsões que estas declarações provocaram à volta do mundo,
"Os juros da dívida portuguesa estão esta segunda-feira em forte alta, em linha com o comportamento das obrigações europeias e de outros países, com os investidores a continuarem a reduzir a exposição aos activos de dívida devido aos receios que a Reserva Federal diminua a compra de obrigações." - aqui.
Se para muitos, entre os quais me permito incluir-me, é inviável a inflexão da dívida externa considerando a insuficiência de potencial da economia portuguesa a médio prazo e o custo crescente da dívida, parcialmente bonificado pelas condições dos empréstimos da troica, duvido que reste alguém com um mínimo de conhecimentos de aritmética que continue a acreditar que a inflexão é possível mesmo que a tendência decrescente das taxas de juro se inverta.
Não. Alguma coisa tem de acontecer.
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