Wednesday, May 08, 2013

REGRESSOS INDECISOS

O regresso aos mercados tem sido tido pelo Governo como o santo-e-senha para a libertação de Portugal das garras da troica em meados do próximo ano. A emissão de ontem de três mil milhões de euros a 10 anos a uma taxa de juro de 5,669% foi considerada, geralmente, um sucesso. Pelos vistos o BCE não tem um entendimento tão benevolente, considerando um bom sinal, mas que não chega para qualificar o País para programa de compras do BCE, contrariando as afirmações  da secretária de Estado do Tesouro de que “a nossa definição de acesso pleno ao mercado significa que já emitimos dívida em todas as maturidades relevantes e normalizámos a curva de rendimentos". Tal como no regresso às aulas, à excitação dos primeiros dias segue-se a menos ilusória realidade dos meses seguintes.   
 
De regresso esteve também a mensagem -vd. aqui -, dita hoje pelo comissário europeu para o Mercado Interno e Serviços  Michel Barnier, de que, como em Chipre, os depósitos acima dos 100 mil euros poderão ser chamados a participar na recapitalização de bancos que, eventualmente, venham a encontrar-se em situação financeiramente desequilibrada. Esta mensagem, inicialmente divulgada (e depois reinterpretada) pelo presidente do Eurogrupo, viria a ser reafirmada pelo ministro alemão das finanças Wolfgang Schäuble e hoje relembrada por Michel Barnier.
 
A Comissão Europeia a Comissão Europeia tem tentado, pela mão do comissário Barnier, responsável pelos serviços financeiros, criar um mecanismo comum que proteja os depositantes na eventualidade de uma instituição financeira entrar em falência. A Alemanha - vd. aqui - continua a opor-se. Se a União Bancária está ainda longe de ser uma realidade, apesar da insistência da Comissão Europeia, que ontem comentei aqui, a garantia global dos depósitos é ainda mais remota.

Consequentemente, a Alemanha continua a financiar-se a taxas de juro quase nulas, e até mesmo negativas.
Com o nível de endividamento atingido, se nada acontecer de outro modo, Portugal com taxas de juro que excedem largamente a sua taxa de crescimento (negativa, por agora, e não se sabe até quando) não está de regresso porque já passou o point of no return

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