Saturday, May 04, 2013

O QUE DIRÁ PORTAS

Ouvi esta tarde na rádio o primeiro-ministro dizer, á entrada para um almoço comemorativo do 39º. aniversário do PSD, em Pombal, que desconhece o que vai dizer Paulo Portas na sua declaração anunciada para amanhã, mas acrescentou que as medidas que ontem anunciou foram discutidas com o ministro e presidente do CDS. Está, portanto, Passos tranquilo quanto ao que dirá Portas amanhã.
 
É muito claro hoje aquilo que era previsível desde a tomada de posse deste Governo: Passos Coelho será primeiro-ministro enquanto Portas assim o entender. Quando Paulo Portas julgar que o caminho deste governo não tem mesmo saída possível, Paulo Portas acaba com o governo e com a carreira política de Pedro Passos Coelho. Só pode ser esse o significado da ausência de comentários do seu partido à declaração de ontem de Passos Coelho e ao compasso de espera que determinou entre a presença no palco de Passos Coelho e a sua. A última palavra é dele. Com as quarenta e oito horas de suspense que fixou, Portas pretende concentrar a atenção dos portugueses na sua declaração subalternizando a de Passos Coelho.
 
Repito-me: Passos tornou-se refém de Portas desde o momento que decidiu não incluir o PS nas responsabilidades da execução do memorando que o trio assinou com a troica. O que não significa que Portas possa saltar da carroça do poder quando quiser sem se molestar. Bem pelo contrário, no dia em que Portas der por finda a participação do CDS no governo, a sua própria carreira política ficará fortemente comprometida.
 
Há nesta relação entre Paulo Portas e Passos Coelho uma dependência de reciprocidade perversa que recorda a travessia do lago pelo escorpião às costas da rã. Sabe-se, segundo a história, que ambos acabam no fundo. Mas podemos sempre imaginar que, no momento em que uma rã moribunda se afunda, outra apareça ao lado disposta a levar o escorpião às costas e continuar a travessia.  

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