Sunday, May 26, 2013

A REVOLTA DO PORTO

Rui Rio escreveu uma carta aberta ao Governo de Portugal reclamando o pagamento da assumida comparticipação do Orçamento do Estado no projecto de requalificação da Baixa do Porto, um compromisso que se traduz em 2,5 milhões de euros. Segundo o que ouvi ontem a um dos semanais televisivos comentadores políticos, o investimento do Estado será um décimo do investimento privado no mesmo projeto. Custa a acreditar, mas não tenho razão dados a contrapor. A carta aberta do presidente da Câmara do Porto já recebeu, entretanto, um significativo número de subscritores, de todos os quadrantes políticos. O Porto, afirmou Rui Rio, nunca esteve tão unido.
 
Para além da razão que assiste ao presidente da  edilidade portuense neste caso, o confronto público de Rui Rio com o governo maioritariamente suportado pelo seu partido demonstra que o desentendimento político entre as principais figuras do PSD  e o actual primeiro-ministro alastra em cada dia que passa, atrofiando irreversivelmente a capacidade governativa da coligação no poder, já ameaçada pela espada de Portas.
 
Passos Coelho afirmou há tempos que com ele "não haverá pântano" após a mais que previsível redonda derrota nas autárquicas, aludindo ao discurso de Guterres em situação semelhante, mas o termo do percurso político do actual primeiro-ministro não depende dele mas de Portas, já que o PR se abstém. Vendo a erosão política que corrói o PSD, Portas sabe que só por uma muito improvável radical alteração da evolução económica e social do país, este governo completará o seu mandato de legislatura, e que, Seguro só tem que esperar que o poder lhe caia nos braços.

A carta de Rio é também, para além de um protesto e uma reivindicação, um alerta a Portas: de que pode haver governo PSD/CDS para além do actual governo. Se Passos Coelho, em desespero de causa, não persistir na sua obsessão de entregar o poder a Seguro de mão beijada. Rui Rio, quando terminar o seu mandato autárquico no Porto não vai, seguramente, abandonar a política. E tem, mais que qualquer outro, capacidade e experiência para substituir Passos Coelho.

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