Wednesday, March 06, 2013

PATILHAS E VENTOÍNHA - ORDEM PARA BUSCAR

 
"16 juízes e 25 procuradores, auxiliados pela PSP entraram por volta das 9h00 de hoje nas sedes e outros edifícios da generalidade das instituições financeiras para verem os sistemas informáticos,  suspeitos de agir em cartel nas áreas dos créditos ao consumo e à habitação, combinando os valores dos spreads e das comissões. As buscas estão a ser levadas a cabo pela Autoridade da Concorrência, Departamento de Acção Penal e Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa. A Autoridade da Concorrência decretou o segredo de justiça no presente processo de contraordenação, considerando que os ineteresses da investigação e os direitos do sujeitos processuais não seriam concretamente compatíveis com a publicidade do processo"

À hora que comento esta notícia ainda não se sabe o mais interessante: o nome desta operação. A julgar pelos precedentes só pode ser um nome catita. Se há especialidade em que os nossos buscadores se esmeram é no nome das operações em que se envolvem. O resto, também a avaliar pelos antecedentes, é para enrolar e prescrever.

Terão também buscado na Caixa? A notícia não diz, mas espera-se que, para o efeito, a Caixa tenha sido considerada banco, ainda que os caixeiros não sejam propriamente banqueiros.

No fim do ano fizeram buscas aos computadores de Medina Carreira, agora atiraram-se mais, e mais alto: aos computadores dos bancos. À procura do vazio. Alguém com o mínimo de tino acredita que, se os banqueiros se conluiem, e muito provavelmente conluiem-se, escarrapacham a tramóia nos discos rígidos dos computadores? De mais a mais, dos banqueiros, especialistas em produtos tóxicos?

Quando é que a Autoridade da Concorrência terá gente competente  com autoridade na concorrência?
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Correl. - Mensagem recebida agora mesmo via telemóvel:

"Porque a Páscoa é especial, até 31/3 transfira sem custos para a sua conta , o saldo disponível do cartão (Unibanco). Exemplo: 1500 euros, 12 m, TAN 27,35%, TAEG 27,5%. Ligue 213501500"

Há dias recebemos oferta idêntica enviada pelo correio por um banco.

Ninguém da Autoridade da Concorrência, do Departamento de Acção Penal ou do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa recebe estas propostas? Até quando continua a ser consentida esta pressão de concessão de crédito ao consumo sobre os financeiramente mais debilitados? É  anedótica a busca de registos que confirmem a cartelização por spreads e comissões quando são publicitados estes níveis usurários XXXL de taxas de juro. Não será isto antes um total desplante legalmente consentido? Se a Autoridade da Concorrência não nota nisto qualquer relação com aquilo, é mais ingénua que o senhor Constâncio.


1 comment:

Fenix said...

Com sirenes e tudo! Um circo! Pobres de nós se só agora é que descobriram o cartel...