Monday, March 25, 2013

MAS QUE GRANDE BRONCA

Mas que grande bronca!
 
Quando, mais recentemente, Chipre passou, por más razões, a ocupar lugar destacado nos media de todo o mundo, e foi anunciada a receita da troica para lhe ser concedida ajuda à sua rede de bancos o espectro de bancarrota teve de ser contido com o encerramento temporário dos bancos, implicando a suspensão das transferências internacionais e a limitação dos levantamentos nas caixas ATM.
 
Imediatamente, surgiu de todo o lado a pergunta: e por cá, teremos de aviar a mesma receita? Responderam os inteligentes na matéria que não senhor, nem pensar nisso, Chipre era um caso único, as medidas impostas a Chipre jamais seriam aplicáveis a qualquer outro membro da Zona Euro.
 
Hoje à tarde, a notícia em evidência é a declaração feita pelo presidente do Eurogrupo admitindo que Chipre possa ser exemplo a seguir em caso de problemas na banca.
 
Quando se soube com mais algum detalhe o que estava por detrás das decisões do Eurogrupo relativamente a Chipre, e nomeadamente a massiva presença de capitais russos de procedência ilegítima, a imposição de altas taxas aos depósitos acima de cem mil euros pareceu a socialmente mais justa, ainda que tenha criado um precedente que pode espatifar a confiança dos cidadãos nos bancos, base fundamental de qualquer sistema bancário. Em Chipre, a estocada no sistema é demasiadamente profunda e abalará a economia cipriota de modo ainda incalculável.
 
Mas muita gente pensou: como não há capitais sujos russos por cá, ou se há não se notam muito, a saída para a crise cipriota não é extrapolável, como afirmam suas excelências os donos disto.
 
Ainda as medidas a que Chipre se submete não foram aprovadas pelo parlamento em Nicósia, e o líder do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, diz que em caso de problemas na banca, se os accionistas e os detentores de obrigações não conseguirem garantir a solvabilidade de uma instituição, então “se necessário” poderá recorrer-se “aos depositantes” com poupanças acima dos 100 mil euros.
“Se houver risco num banco, a nossa primeira questão deve ser: ‘Ok, o que é que vocês no banco estão a fazer em relação a isso? O que podem fazer para se recapitalizarem?’ Se o banco não o puder fazer, então vamos falar com os accionistas e os obrigacionistas, vamos pedir-lhes para contribuírem para recapitalizar o banco e, se necessário, aos detentores de depósitos não garantidos”, ou seja, às poupanças acima dos 100 mil euros.
  
Quanto a mim, mudei de opinião acerca do assunto: Se esta táctica tivesse sido adoptada nos casos do BPN e BPP, por exemplo, teríamos, aqueles que nunca entraram em tais buracos por suspeita gereralizada sobre o que por lá se passava,  hoje um fardo bem menor às costas.
 
Mesmo que as afirmações do senhor Jeroen Dijsselbloem venham a ser reinterpretadas*, a desconfiança criada pelas suas declarações desta tarde vai ter consequências profundas, e nem todas serão negativas.

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*Act. - Passadas poucas horas o presidente do Eurogrupo recua e afirma que Chipre é um caso específico.

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