Monday, February 18, 2013

ADEUS BANCO!

Há dias sugeri aqui uma hipótese de explicação para o facto de o Papa ter anunciado que vai renunciar no fim deste mês, deixando vaga a cadeira de São Pedro a não mais do que três semanas do início da Semana Santa, a 23 de Março, Domingo de Ramos. A questão pode, aliás, colocar-se de outro modo: Por que não esperou Bento XIV que se cumprissem os rituais da Páscoa para anunciar a resignação e colocou o conclave, que tem de decidir por maioria de dois terços, perante uma votação de emergência?
 
Anteontem, Bento XVI voltou a tomar uma decisão inesperada e não menos insólita, nomeando um novo presidente para o Instituto para as Obras Religiosas (IOR), o banco do Vaticano, e logo um alemão, Ernest von Freyberg, que é, e continuará a ser, presidente de uma construtora de barcos de guerra, inevitavelmente com fortes ligações aos negócios internacionais de armamento, e ainda com a chancela de ter contruido parte da frota do regime nazi. Porquê, agora que já anunciou a sua renúncia, porquê um alemão, independentemente das suas outras ligações e responsabilidades? Por que retirou Bento XVI a possibilidade ao seu sucessor de nomear dentro de poucos dias o banqueiro da Igreja?

Sugeri aqui que Bento XVI, ao tomar uma decisão praticamente inédita na história da Igreja, que é tema para uma infinidade de opiniões, e não serei eu quem acrescentará mais uma, pretende influenciar decisivamente a eleição do seu sucessor concedendo ao conclave  um período de decisão apertado num contexto de posições disperso, requerendo por isso, que a inspiração divina surja  ao  mais respeitado princípe da Igreja do momento, o Cardeal Ratzinger.
 
Mas se Bento XVI pretende influenciar a sua sucessão com a antecipação da nomeação do presidente da IOR parece querer desde já deixar a marca daquela intenção: se a eleição escapar à sua vontade já não lhe escapa a colocação num lugar chave de um homem da sua confiança, e, demais a mais, alemão. Mesmo que o curriculum vitae do seu compatriota seja controverso mais que baste para uma instituição onde têm acontecido guerras internas e escândalos que nem a hermética estrutura da cúria conseguiu evitar que se soltassem.
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