Sunday, January 27, 2013

EUROPA OU O CAOS

Um grupo de filósofos, escritores e jornalistas alerta para os riscos de desaparecimento da Europa sonhada a seguir à Segunda Guerra Mundial, que lançam uma clara advertência: união política ou morte. Lê-se no El País de ontem, um dos quatro diários que publicou o manifesto subscrito por António Lobo Antunes (português), Bernard-Henry Lévy (francês), Vassilis Alexakis (grego), Juan Luís Cebrián (espanhol), Fernando Saveter (espanhol) Umberto Eco (italiano), Claudio Magris (italiano) Salman Rushdie (indiano), Hans Christoph Bush (alemão), Peter Schneider (alemão), Julia Christeva (búlgara-francesa), e Gÿorgy Konrád (húngaro).
 
Note-se a preponderância dos naturais do sul.
 
Terá este manifesto alguma influência decisiva sobre a rota errática por onde anda a União Europeia?
Provavelmente, não. Por maior que seja o acerto do seu diagnóstico e a pertinência da sua proposta,os
destinos da Europa dependem sobretudo da força das circunstâncias que em cada momento condicionam as decisões dos líderes europeus, mais envolvidos em desconfianças recíprocas que apostados na prossecução de um objectivo comum democraticamente sufragado. Apesar da recente celebração do 50º aniversário da reconcialiação franco-alemã, os franceses persistem em olhar para as propostas alemãs de avanço para uma união política com todas as reservas. Preferem uma posição subalterna num directório de facto, antidemocrático, à ousadia de uma união política que pode ser, democraticamente, dominada pelos alemães. Entretanto, o Reino Unido continua a encaminhar-se para a saída pela direita baixa, ainda que Merkel tenha ouvido de David Cameron que a Grã Bretanha quer continuar a fazer parte da União Europeia.
 
Entre a alternativa duma federação mínima e uma dissolução da União Europeia, a maioria dos europeus ainda continuará a preferir a primeira, mas nem o directório avança nesse sentido nem os outros membros reclamam a clarificação necessária. Acomodados na inércia de evitar posições fracturantes, persistem na intenção primordial de que  o caminho continue a ser feito a caminhar.
O que continuaria a ser a melhor opção, sobretudo porque a comitiva se caracteriza por grande heterogeneidade, se não tivesse chegado a uma encruzilhada onde, mais tarde ou mais cedo, é incontornável tomar uma opção sobre a direcção do caminho a pisar.  
 
Repito-me: é nessa encruzilhada dramática que a União Europeia se encontra, e da qual só pode sair avançando para uma união política mínima, porque a heterogeneidade do grupo não suportará uma integração superior, ou está condenada a dissolver-se com todas as consequências incalculáveis que essa dissolução envolverá, a menos provável das quais não é outro conflito bélico entre europeus.

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