Thursday, December 13, 2012

UM COPO MEIO CHEIO

É melhor que um copo vazio, mas dá sempre a sensação de uma frustração futura.
A decisão conhecida hoje de centralização da supervisão bancária na Zona Euro será um passo importante no sentido da união bancária mas fica, ainda assim, consideravelmente distante da situação que possa garantir a universalidade das garantias dos depósitos bancários e, consequentemente, estancar completamente a drenagem dos capitais que tendem a procurar refúgios seguros, agravando ainda mais os custos do risco dos países mais fragilizados. O Economist de hoje considera este avanço, que tem sido aplaudido por quase todos os quadrantes políticos (ouvi na rádio um eurodeputado comunista condenar a medida, invocando um nacionalismo serôdio) um measly triumph, um mísero sucesso.  

A proposta terá de ser votada no Parlamento Europeu mas, dificilmente, verá o seu âmbito alargado aos cerca de 6000 bancos da União, como muitos pretendem mas que a Alemanha, ab initio rejeitou, preferindo que a união bancária se restrinja para já aos 200 maiores bancos e ainda daqueles que se encontrem em situação de intervenção do Estado. No caso português,  os que provavelmente seriam abrangidos pelo primeiro critério, serão, salvo o BES, também apanhados pelo segundo: BCP, BPI, CGD. O Banif, se vier a ser resgatado será incluido. O Santander Totta, cai claramente no grupo dos 200 em função do grupo a que pertence.

Reforçar-se-ão as garantias dos depósitos feitos naqueles bancos portugueses a partir do momento em que a supervisão do BCE (primeiro trimestre de 2104) estiver activada? Não. Nenhuma obrigação decorre deste acordo que permita considerar que o risco dos bancos países membros da zona euro se nivelará,  nivelando-se, em consequência disso, as taxas de juro. A opinião em sentido contrário que ouvi ser emitida por alguns comentadores na rádio esta tarde traduz um desejo legítimo mas não aquilo que hoje foi uma meia boa notícia.

Aquela que, também desta vez, a Alemanha quis: integrar, sim, mas devagar.
Aliás, com sócios como Berlusconi, nem meio copo cairá bem.

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