Wednesday, December 05, 2012

CORRUPTOS E ABENÇOADOS

Está publicado aqui: No seu relatório deste ano, a Transparency International, uma organização  não governamental, coloca Portugal em 33º. lugar numa lista de 176 países, e em 15º. entre os 27 da União Europeia, num ranking da percepção externa sobre a corrupção em cada um desses países. A propósito, o Público publica um comentário concluindo no título que visto de fora, Portugal é moderadamente corrupto.
 
E, por dentro? Qual a percepção dos portugueses acerca de si mesmos em matéria de corrupção?
Péssima. Segundo os resultados de um inquérito do "eurobarómetro", realizado em Setembro do ano passado e publicados aqui em Fevereiro deste ano, 97% dos portugueses consideram que a corrupção é um dos mais graves problemas do país. Só os gregos (98%) e cipriotas (97%) declararam tão elevados níveis de descontentamento. Segundo o mesmo relatório, 74% dos cidadãos da União Europeia consideram que a corrupção é um problema grave no seu país. Dinamarqueses (19%), holandeses  e luxemburgueses (34%) são os menos preocupados com o assunto.
 
Revelou ainda este inquérito que para os portugueses a corrupção é mais elevada nas instituições nacionais (91%), regionais (90%) e locais (86%), acusando de suborno e abuso de poder, 63%, os políticos a nível nacional, 52%, os políticos a nível regional, 51%, os políticos a nível local.
 
Conclui-se, portanto, que apesar da nota sofrível atribuida este ano a Portugal pela Transparency International, que se traduziu em mais uma queda no ranking, trata-se de uma posição lisonjeira se comparada com a opinião que, acerca do mesmo vício, os portugueses dizem ter deles mesmos.
 
Não admira, no entanto, que a quase totalidade dos portugueses considere a corrupção dos maiores problemas do país, considerando o bombardeamento de notícias a que está sujeito, que lhe dão conta de um caudal quase diário de suspeitas  que, se desaguam nos tribunais, leva-os um sumiço que a banalização esquece.
 
O que poderia admirar, se a consciência cívica fosse do tamanho da repugnância aparente, era a elevada frequência com que os portugueses, no momento do voto, elegem e reelegem alegremente suspeitos e acusados de corrupção. Mesmo quando não residem em áreas onde a ilateracia poderia justificar alguma falta de descernimento.

3 comments:

Unknown said...

Infelizmente, há mto ainda a fazer para acabar com a corrupção. Por ex., a comunicação social poderia fazer bem melhor...

http://jornalismoassim.blogspot.pt/2012/12/episodios-negros-da-comunicacao-social.html

Luciano Machado said...

pelos vistos estamos a piorar, em 2010 éramos 32º.

João Miguel Vaz said...

Concordo com o Rui Fonseca, e como murphy V também. A comunicação social não investiga a corrupção como deveria, especialmente ao mais alto nível.