Tuesday, November 20, 2012

ESTÃO A BRINCAR, SENHOR GASPAR?

Ontem, Portugal passou no 6º. exame e a troica vai libertar mais 2,5 mil milhões de euros, informou  o ministro das finanças em conferência de imprensa, que nem o canal 1 nem o 2 da televisão pública transmitiram, provavelmente porque não foi considerada serviço público ou menos serviço público que o Preço Certo. Das palavras do ministro, muitas delas inextricáveis para o cidadão comum, toda a gente reteve que, a meio do prazo do programa de ajustamento, o cumprimento da sua realização, segundo a avaliação da troica, é de 95%. E que este exame tinha sido realizado em tempo recorde, uma indicação que permite deduzir que a troica não teve dúvidas relevantes quanto aos resultados apresentados.    

Hoje, a missão do FMI que esteve em Portugal - vd aqui e aqui - afirma, além do mais,  que "Portugal terá de racionalizar  (eufemismo para reduzir) mais os salários e o emprego da função pública, e as pensões e as prestações sociais... Portugal não pode abrandar nas reformas estruturais da economia e terá de manter esse esforço para além do horizonte do programa da troica. Acrescentam os técnicos do FMI que há o risco de o crescimento recuperar de forma demasiado lenta para conseguir baixar o elevado desemprego. A consequência será a emigração de uma geração jovem e qualificada." 
 
Ora, das duas, uma: ou o memorando assinado pelo trio e pela troica foi mal estruturado e os objectivos mal calculados (e à troica não deveria consentir-se que se esquive às suas responsabilidades, a menos que tenha sido mal informada pelo governo anterior da real situação das contas públicas) ou o cumprimento não pode ter atingido os 95% agora atribuidos pela troica.
 
A directora-geral do FMI tem repetidamente afirmado nos últimos tempos (vd, por exemplo, aqui) que a austeridade pode comprometer o resgate dos países fragilizados da Europa. Mas se os países do sul da Europa sofrem há muito as consequências da desconfiança dos credores internacionais, o corte recente do triplo AAA pela  Moody´s à França - vd aqui - em consequência das expectativas de crescimento económico negativo é indiciador que a crise vai alastrar-se mesmo aos países em situação até agora considerada confortável.
 
Como é que pode o FMI prever os efeitos desastrosos de uma política e continuar a recomedá-la sem que ninguém, que o possa fazer, confronte os seus agentes com tanta contradição e se limite a acatar complacentemente as ordens de quem, claramente, já errou?

3 comments:

aix said...

O 'Preço certo' é apenas o programa ,mais indecoroso que se tem mantido tanto tempo em 'todas' as TV's.Mas não haverá ninguém que consiga acabar com aquela palhaçada? E não me venham com o argumento de que 'agrada ao povo'.O apresentador - coitado - lá vai fazendo umas palhaçadas iludindo-se que tem graça.Simplesmente deprimente:)

Anonymous said...

Queridos ingénuos. O Preço Certo existe porque o Big Brother lhe interessa.Quantos mais burros existirem a ver aquele tipo de programas, a comer hamburguers e beber coca cola melhor.
Pensam que foi por acaso que o bom cinema francês e italiano quase deixaram de passar pelas salas de espectaculo? A musica europeia desapareceu das radios?
Felizes os ingénuos que são contra a estupidificação do Preço Certo mas caem no mesmo estado ao não vislumbrarem que nada acontece por acaso.

rui fonseca said...

Grande Francisco, bom dia!

É por isso que penso que a RTP deveria ser privatizada, ficando o Estado, em contrapartida das concessões atribuidas, com direito a espaços para inserção de programas de serviço público. Se este existe.

Abç