Saturday, September 01, 2012

OS SUSPEITOS DO COSTUME

Há dias o amigo João Vaz chamou-me a atenção para este artigo de Paul Farrel publicado Market Watch, um dos sites do Wall Street Journal.

Quem é Paul Ferrel? Segundo resumo publicado no Market Watch, onde tem coluna reservada, "Paul Farrell writes the column on behavioral economics. He's the author of nine books on personal finance, economics and psychology, including "The Millionaire Code," "The Winning Portfolio," "The Lazy Person's Guide to Investing." Farrell was an investment banker with Morgan Stanley; executive vice president of the Financial News Network; executive vice president of Mercury Entertainment Corp; and associate editor of the Los Angeles Herald Examiner. He has a Juris Doctor and a Doctorate in Psychology"

Neste artigo - Myth of Perpetual Growth is killing America / Commentary: Everything you know about economics is wrong - há algumas verdades mas também muito exagero e radicalismo. Afirma Farrel, além de mais,  que as conclusões dos economistas se fundamentam em ficções que distorcem tudo. E parte desta premissa elevado a dogma para arrasar todos quantos escrevem sobre temas económicos.  

Não há sempre nem nunca, não há tudo nem nada. Quando Farrel defende que "tudo o que se sabe sobre economia está errado", a questão óbvia que se coloca é se Farrel sabe alguma coisa de economia. E se sabe, que verdade é a dele que, segundo ele próprio, ainda ninguém comprou? 

É inquestionável que o princípio do crescimento perpétuo em que implicitamente acredita meio mundo, porque outro meio não acredita porque não o vislumbra, é tão insustentável como o movimento perpétuo e, como este, falível por esgotamento de energia motora.

Jared Diamond, autor de The Third Chimpanzee, Guns, Germs and Steel, e Collapse: How Societies Choose to Fail or Succeed recorre à história para explicar nesta última obra como a exaustão da energia esteve na origem da queda dos impérios e da extinção de civilizações. Nada de novo, portanto, senhor Farrel. 

A questão que se coloca não é a sustentabilidade do crescimento ao cimo da terra mas a capacidade do homem descortinar à sua volta (ou à volta do que anda) fontes de energia que possam continuar a sustentar esse crescimento.

Acompanha o artigo de Farrel uma fotografia de uma montanha de desperdício, intuindo que crescimento determina inevitavelmente crescimento paralelo da poluição do planeta. Não é necessariamente assim, e há muita gente, reclamando-se economista ou não, que está consciente disso. Nos EUA, como no resto do mundo, há economistas com perspectivas macroeconómicas distintas. Meter todos no mesmo saco e acusá-los de falta de honestidade ou de conhecimentos, é no mínimo sinónimo de uma arrogância que raia o delírio. 

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