Monday, September 03, 2012

MR. CONARD

No tempo da maria caxuxa, de médico e louco toda a gente tinha um pouco. Depois foi inventada a ciência económica e hoje, de economia, toda a gente tem a teoria toda. Talvez por isso, Mr. Paul Farrel ande tão baralhado e não o faz por menos que garantir que tudo o que têm dito os economistas (e o que é isso?) é treta.

Nos EUA, a dois meses das eleições presidenciais, aquecem as discussões entre republicanos e democratas,  forjando as opiniões de colunistas, jornalistas, capitalistas, sindicalistas, de arrivistas em geral, e também de alguns economistas. Ontem, o Washington Post, publicava um artigo de um seu colunista habitual,  Steven Pearlstein - Can we save American capitalism? -, onde, no meio de um conjunto de reflexões pertinentes sobre o tema do título, ressalta a teoria insólita de Mr. Conard.   
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Mr.Conard, revela a bisbilhoteira wikipedia, foi managing director da Bain Capital (co-fundada por Mitt Romney, candidato republicano à presidência dos EUA em Novembro) e, desvenda Pearlstein, registou o ano passado uma empresa com o objectivo de contribuir com 1 milhão de dólares para a campanha do ex-patrão.

Assegura Conrard que o capitalismo americano teve durante quinze anos a sua época dourada. As grandes empresas, os gestores, os investidores ricos, colocaram quantias massivas de capitais, muitos dos quais não revelados pelas regras contabilísticas, em novas ideias e tecnologias. Daí resultando o forte crescimento da produtividade que permitiu que a economia norte-americana não só empregasse todos os nacioinais à procura de emprego como dezenas de milhões de emigrantes mexicanos e asiáticos. E se para alguns, movidos pela inveja, afirmem que o processo enriqueceu ainda mais apenas os mais ricos, Conard garante que 95% dos benefícios económicos dessa era de prosperidade beneficiaram os trabalhadores e os consumidores, sob a for ma de aumentos de salários, maiores poupanças, e produtos e serviços mais baratos.

E, conclui Conard, a única via para voltar à era dourada de crescimento económico elevado, baixo desemprego e animação nas bolsas de valores, passa pela eliminação de todas as taxas sobre os muito ricos de modo que eles possam fazer mais investimentos em novas ideias e em empresas inovadoras. Ao mesmo tempo devem os EUA abandonar a indústria, encaminhar os talentos para as tecnologias de ponta e para as áreas financeiras. Os outros, aqueles a quem a natureza não talentou, que cuidem das crianças e os jardins dos talentosos.

Em resumo: A desigualdade social, geralmente considerada como obstáculo ao crescimento das sociedades onde ela prevalece, é, para Mr. Conard, uma condição necessária para os EUA voltarem aos bons dourados tempos. 

Pense-se o que se pensar desta crença de Mr. Conard, há um aspecto que ninguém pode ignorar: há milhões de norte-americanos, muito longe de serem ricos, que em Novembro votarão em Mr. Romney embalados pelo credo de Mr. Conard. Espera-se que não sejam a maioria por se recordarem ainda das consequências  das crenças à Mr. Coard reveladas há cerca de cinco anos na economia dos EUA e do mundo dito desenvolvido, em geral.

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