Wednesday, August 29, 2012

O RECADO

Portugal terá de superar desafios orçamentais após quinto exame da troica, afirmou hoje o primeiro-ministro em Londres onde foi assistir à abertura dos Jogos Paralímpicos. O que quer que seja que esta meia afirmação queira dizer, para bom entendedor é certo e sabido que não serão boas as notícias que aí vêm.    

A propósito da quinta avaliação da troica, em curso, o Financial Times de ontem publicava um artigo -Portugal makes fiscal progress in the shadows - que salientava os resultados positivos dos quatro exames anteriores, os progressos feitos no reequilíbrio das contas públicas e a evolução da apreciação dos mercados financeiros, (vid gráfico abaixo) e a discrição que tem caracterizado o comportamento dos portugueses no atingimento dos objectivos, uma discrição que contrasta com o protagonismo, pela negativa, da Grécia e, pela positiva, da Irlanda.
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O que podemos esperar desta quinta avaliação? Dificilmente a troica poderá mudar radicalmente as opiniões que tem expendido nas auditorias anteriores. Primeiro, porque o programa prescrito tem sido razoavelemente cumprido, depois porque não pode, sob pena de se condenar a si  mesma,  chumbar ou sequer recriminar o aluno que tem dado conta do recado. É por essa óbvia razão que o Governo afirmava há dias estar à espera da troica para resolver o problema do défice. 

Como? Esperando que seja a troica a propor uma extensão do programa de ajuda. 
E, resolve? Não resolve. Adia. 
Repito-me: Não há solução para o défice,  nas circunstâncias envolventes da economia portuguesa,  que não passe pela redução dos juros da dívida até ao nível do suportável.  
O prolongamento do prazo de ajuda pode servir outros objectivos terceiros mas não ajuda a ultrapassar a situação dramática em que Portugal se encontra.  
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Portugal não precisa nem de mais dinheiro nem de mais prazo, porque isso representará mais dívida. E dívida já temos muito mais que bastante. Do que Portugal precisa é duma redução substancial da conta dos juros. Como é que isso se consegue? Eles sabem, mas andam a fazer-se desentendidos.
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