Tuesday, August 28, 2012

O TEMPO E O DINHEIRO

A situação na Grécia volta à ribalta da tragédia europeia. Contra o cada vez maior número daqueles que sentenciam a  sua saída do euro, insurgem-se os líderes gregos. O actual primeiro-ministro Antonis Samaras afirmava há dias que a saída do euro seria devastadora para a Grécia e prejudicial para a Europa. Significaria uma nova quebra de cerca de 70 por cento no nível de vida dos gregos que, neste momento, já recuou 35 por cento por causa da acção combinada da desvalorização e da inflação. E admitia a hipótese de vender algumas das ilhas desabitadas, sem perda de soberania sobre as mesmas. (cit. aqui)

Hoje, Venizelos, o lider do Pasok (cit. aqui) afirmava que  "Conversas sobre saída da Grécia do euro devem acabar" e que "a Grécia não precisa de mais dinheiro, apenas de mais tempo para cumprir o programa de reformas".
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Quem parece não comungar deste optimismo de Venizelos é, por exemplo, o Crédit Agricole que (cit aqui) pretende vender aos gregos a sua subsidiária na Grécia,  Emporiki, e continuar a redução da sua exposição em Espanha e na Itália. Mais tempo é o que os bancos agradecem para se safarem dos créditos incobráveis.  

Em Portugal temos nova visita dos troicos para auditoria do progresso das reformas, consequências  e danos emergentes. O Governo português tem afirmado e reafirmado que não precisa nem de mais tempo nem de mais dinheiro, mas, recentemente, com o défice a desobedecer às instruções dos domadores, é muito provável que venha a solicitar uma coisa e outra. 

O que se traduzirá, se vier a acontecer, num adiamento do reconhecimento daquilo que há muito é evidente: Nem Portugal, nem a Espanha, nem a Itália, e muito menos a Grécia, podem safar-se da teia em que se encontram emaranhados enquanto os juros da dívida não forem os suportáveis. 

Mais dinheiro implica mais dívida e mais juros. Mais tempo implica não fazer amanhã o que não se quer fazer hoje. A solução do imbróglio é política. Ou há condições políticas para reduzir a carga que esmaga os países ameaçados e restaurar a confiança dos depositantes desses  países ou não há nem tempo nem dinheiro que possa desatascar a zona euro, e por tabela a União Europeia, dos terrenos movediços em que todos (uns mais que outros) estão metidos. 


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