Monday, July 30, 2012

A INSUSTENTÁVEL INCERTEZA DO EURO

Os bancos alemães estão a reduzir drasticamente o financiamento aos países periféricos.
(Financial Times, hoje)

Nada que não fosse já conhecido.
Há muito tempo que os bancos do norte vêm tirando o cavalo da chuva protegidos pelas políticas do faz que anda mas não anda de Berlim e a passividade conivente de Paris e companhia. A ideia não pode ser mais evidente: se o euro falhar, e deste modo as probabilidades disso acontecer crescem em cada momento que passa, as imparidades que ainda seguram o sistema por arames deixam de ameaçar os balanços dos bancos do norte e colocam os do sul a contas com um banco central europeu para a periferia.

Parece maquiavélico demais em quem reafirma recorrentemente a sua vontade indómita de defesa da zona euro (e a União Europeia) mas não se vislumbram outros resultados possíveis deste processo que drena fundos do sul para o norte a juros negativos e são escassamente retornados a juros incomportáveis.

Já depois de ter iniciado este apontamento, ouço na rádio que  "numa entrevista a um jornal alemão, Jean-Claude Juncker criticou o facto de alguns políticos alemães se terem referido a uma eventual saída grega da moeda única.



O presidente do Eurogrupo entende que a Alemanha está por detrás do agravamento da crise e acusou o governo liderado por Angela Merkel de tratar a Zona Euro como uma «filial». Entrevistado pelo jornal alemão Suddeutsche Zeitung, Jean-Claude Juncker lamentou ainda que tenham vindo à tona antigos ressentimentos nacionais. Juncker criticou o facto de a Alemanha permitir que se faça política interna em torno da moeda única e, sem referir em nomes, considerou que há «políticos alemães» que começaram a falar numa eventual saída da Grécia do euro. Nesta entrevista que foi publicada na edição desta segunda-feira do Suddeutsche Zeiting, Juncker lembrou que a Alemanha diz que é preciso esperar pelo relatório da troika, mas explica o que deve constar nesse relatório.
O também primeiro-ministro luxemburguês defende que é preciso ter mais cuidado com o que se diz e lembra que uma saída da Grécia da moeda única não resolve a atual crise, mas afeta a reputação dos países da Zona Euro em todo o mundo."

Jean-Claude Juncker sabe do que fala. Mas aqueles a quem fundamentalmente se dirige, ouvem e continuam a assobiar para o ar.

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