Thursday, June 07, 2012

FALTA-NOS, OBVIAMENTE, UM PONTA DE LANÇA

Aqui:

 "O futebol não é um caos e cada equipa tem princípios científicos, filosofia, modelo e sistema de jogo.
... o nosso meio-campo (não) assegura convenientemente as adequadas transições ofensivas, por falta de um número dez de raíz... ... não se conhece nem pelo trinco, nem o pivot,... (impõe-se) um duplo pivot,.. deve ser (contrariada a defesa à zona) pela adopção no mínimo de uma defesa mista ...  a tática defensiva não pode dispensar um modelo de bloco baixo... é preciso saber jogar sem bola ... no ataque falta-nos, obviamente um ponta de lança ...os alas não devem abusar das trivelas e das tabelas ...é fundamental jogar de cadeirinha e controlar o jogo... e um profundo descanso activo"  

Assim falou António P.C.
Manuel José, que ouvi de passagem num canal televisivo, estava indignado com a falta de concentração dos milionários: charretes em Óbidos, cumprimentos a esta e aquela individualidade, entrega da camisola a Cavaco Silva (a Adias já garantiu que as camisolas respeitam as normas de segurança europeias), tem sido um corropio e uma excitação propícia a cair logo na primeira volta. Sem ponta de lança e sem descanso activo, o mais certo é que voltem para casa mais cedo do que seria de esperar de uma constelação tão dourada.

Ouço e leio estes pertinentes juízos e estas críticas certeiras, e, como na matéria não distingo um ponta de lança de um avançado-de-centro, que era uma coisa que havia dantes mas pelos vistos desapareceu, voa-me o pensamento para fora das quatro linhas, e dou comigo a perguntar-me: Com quanto é que estes milionários, que o povão incensa e leva em ombros ou de charrete, contribui para a austeridade?

O Borges, que em política é como elefante em loja de porcelanas, escandalizou meio mundo com aquela da redução dos salários. De tal modo que se aparecesse no Terreiro do Paço em dia de Maga Pic-nic Continente arriscaria um auto de fé sumaríssimo que o levaria a mergulhar à força no Cais das Colunas.
E que disse o Borges? Que deveria haver redução geral de salários. E ele, perguntaram uns idiotas, a ele já reduziram os milhões largos que recebe?

Claro que não. Como só alguns estão a pagar a austeridade e a generalidade dos que mais ganham estão isentos, o Borges está isento. Ele, os milionários da bola, e todos quantos, por obra e graça de uma discricionaridade gritante estão dispensados da austeridade que, em grande medida, foi provocada por eles. 

O Borges também disse, se o tivessem escutado convenientemente: Reparem como eu, que ganho muito, estou isento de contribuição para a austeridade!
Que culpa tem o Borges que não o tenham ouvido de forma conveniente?

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