Monday, May 07, 2012

MERKOLANDE OU MERKO-SUL

Logo que foram conhecidos os resultados  das eleições presidenciais em França, Merkel mandou recado a Hollande para este se apresentar em Berlim para umas conversas de pé-de-orelha. Uns dias antes, Monti tinha manifestado o seu agrado com as sondagens que davam o favoritismo a Hollande, porque, com este será possível uma frente do Sul - França, Itália e Espanha -, Portugal e Grécia não contam para estas contas, enfrentar as intransigências alemãs.

Entretanto, na Grécia andam atrás da rolha após as eleições legislativas que, confirmando as sondagens, resultaram numa dispersão de votos que aumentou ainda mais, se possível, a ingovernabilidade democrática do país. Merkel, sempre ela, já fez saber que o plano europeu é para se cumprir, é a melhor via para os gregos, e rejeita mudança de regras.

A partir daqui, a União Europeia entra numa fase ainda mais crítica no sobressaltado caminho dos últimos dois anos. Até onde podem os sulistas convencer os alemães a aceitarem uma política que possa despertar o fantasma da inflação que os continua a assustar, sem o apertado controlo das rédeas que impôs aos descontrolados? Até onde vai Monsieur Hollande alienar os compromissos que assumiu com os eleitores franceses para manter funcionável o eixo Paris-Berlim? Hollande confrontou Sarkozy, durante o frente-a-frente que antecedeu as eleições, com o sucesso alemão relativamente ao fracasso do seu governo, mas foi eleito sustentado numa plataforma que Merkel não subscreve.

E, agora, François?
Perante Merkel, és intransigente ou abdicas, porque os meios termos apenas podem prolongar a crise e desacreditar-te a curto prazo? Aposto que abdicas. A pouco e pouco, entrarás no bolso da Ângela. Porque nem a política dela nem a que tu prometeste resolvem o imbróglio europeu. Porque a solução é nuclearmente política e tanto ela como tu, como Monti, como Rajoy, como todos os outros que contam menos, não arriscam avançar: o federalismo, mínimo, suficiente para garantir a estabilidade do edifício que continua sem alicerces. E ainda por cima arrombado em várias frentes.

Uma frente Merko-Sul, se avançar, não contribuirá, antes pelo contrário, para a unidade política que a União Europeia precisa para ser união. 

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