Thursday, April 19, 2012

UMA INEVITABILIDADE

Toda a gente sabia mas nem o Governo (nem a troica) queriam que se soubesse:

O FMI e a Comissão Europeia reviram em alta as estimativas de necessidades de financiamento do Estado daqui até 2014. São mais 15 a 16 mil milhões de euros que resultam da inclusão nas contas das necessidades das regiões autónomas e das empresas públicas. (aqui).

Mais empréstimos, mais juros, mais austeridade, maior impossibilidade de reduzir a dívida para níveis comportáveis. Um dia destes chegará A OUTRA inevitabilidade: a da reestruturação da dívida, por "hair cut" e ou dilatação dos prazos de reembolso a perder de vista. Não seria mais sério, mais racional, começar já? Dito de outro modo: Não seria mais racional reconhecer desde já aquela impossibilidade de pagar a totalidade da dívida e admitir esta inevitabilidade: Reduzir a dívida e os juros na medida dos empréstimos que agora perfilam como necessários?
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Segundo a mesma fonte, o Citigroup prevê que o " PIB português deverá recuar 5,4% este ano e 3% em 2013. O Banco de investimento mantém previsão que Portugal vai pedir um segundo pacote de ajuda este ano e reestruturar a dívida, com o envolvimento dos privados, em 2013. O resultado será uma forte recessão, devido às novas medidas de austeridade que terá que implementar.

Se as previsões do Citigroup merecem alguma credibilidade, o pacote de ajuda, desajuda.

Entretanto, este Governo continua obsecado com as virtudes das políticas macroeconómicas sustentadas nas expectativas racionais mas quanto à racionalidade do Estado as expectativas continuam de molho.

O Banco de Portugal decidiu penalizar (ainda que lhe chame outra coisa) os bancos que paguem taxas de juro nos Depósitos a Prazo acima de determinados valores, justificando a medida intrusiva no sistema como forma de prevenir o risco assumido pelos bancos nessas operações passivas. Mas mantem-se completamente alheio à continuação da pressão feita pelos bancos (e em geral todas as empresas que emitem cartões de crédito, e são muitas) de crédito ao consumo e da agiotagem sem freio.

Por exemplo este, de que acabo de receber mais uma "oferta" na caixa do correio:


TAEG de 33,1%! Uma pechincha, não?
Exemplo pra um financiamento de € 1500 com reembolso no prazo de 12 meses à taxa anual normal (TAN) de 26,99%.

Quem é que disse que não houve "subprime" em Portugal? Não só houve como continua a haver.
Até ver.

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