Wednesday, February 01, 2012

EM SEDE IMPRÓPRIA

Ontem abriu o ano judicial. Que não coincide com o ano juliano, nem com o ano chinês. Nem tem, pelos vistos, a mesma duração. Outra curiosidade reside no facto de celebrarem os judiciários a abertura mas não o encerramento, provavelmente para evitarem o incómodo da prestação de contas.

Os discursos tiveram desta vez, para além das tricas públicas recíprocas a que nos habituaram, um pendor sindicalista protagonizado pelo senhor presidente do supremo tribunal de justiça. O senhor bastonário da ordem dos advogados aproveitou, novamente, a ocasião para repreender a senhora ministra, a senhora ministra voltou a dizer o que tem dito, o senhor procurador geral da república disse que lhe enchem o saco com questiúnculas improváveis, o senhor presidente disse que, vá lá sejam amigos. E o ano judicial ficou aberto.

Voltando ao senhor presidente do tribunal de justiça, esclareceu o ilustre magistrado que a decisão do governo de cortar salários e pensões é, obviamente, ilegal e que os direitos adquiridos são direitos que não podem ser derrogados num estado de direito.

Também me parece.
Aliás, o senhor ilustre magistrado não está só, atendendo a outras ilustres posições públicas e aos aplausos que o seu discurso mereceu à generalidade da plateia que assistiu à abertura do ano judicial. Mas, uma vez aberto, tudo continuará na mesma, incluindo os cortes que o senhor presidente do supremo tribunal de justiça considera injustos. Da justiça propriamente dita, não houve novidades. Só discursos a atirarem para o lado que os discursantes estavam voltados.

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