Monday, January 16, 2012

AEROPORTO

A globalização é irreversível? Penso que sim.
Porque se for reversível será por um motivo que poderá conduzir a humanidade a um conflito bélico global, de consequências apocalípticas. Mas a globalização, se continuar desenfreada, não pode senão ser o motivo maior da sua reversibilidade.

A competição económica entre as nações, hiperactivada pela globalização, é sobretudo uma competição entre trabalhadores, da qual não resulta necessariamente um aumento de produtividade global mas o nivelamento por baixo das condições de trabalho, da qualidade dos produtos e dos serviços, além da crescente ameaça às condições de toda a vida, animal ou vegetal no planeta.     

Houve tempo em que os transportes aéreos primavam por um serviço aos seus clientes, mesmo daqueles que não se sentam em primeira classe ou executiva,  que não encontrava paralelo nos outros meios de transporte em geral. E não me refiro às refeições a bordo, porque nunca valorizei muito esse serviço, que, por melhor que fosse, era pior do que aquele a que estava habituado mesmo em restaurantes modestos,  mas sobretudo à atenção que lhes mereciam os passageiros quer no embarque quer à saída das aeronaves. 

Hoje, a competição dispensou pessoal, as informações só quase podem ser obtidas por meios electrónicos, que nem sempre temos à mão, a despersonalização é quase total, os passageiros são números e mais nada.

Ontem, chegámos ao aeroporto de Dulles, Washington DC, com duas horas e meia de antecedência, não fosse algum percalço exigir mais tempo, já com o check in feito on-line. Por razões técnicas, que acabaram por se mostrar insolúveis, aguardámos quatro horas a bordo, aguardando os resultados de várias tentativas para resolver o imbróglio. Eram quase duas horas da manhã quando saímos do avião da British Airways, cá fora a confusão era total. Acabaram por nos enviar para um hotel nas proximidades, facultando o transporte numa carrinha com 12 lugares sentados. Outros tantos viajaram de pé, enlatados, contra todas as regras. Outros ficaram a aguardar ao frio cortante a chegada de outro mini bus,  dentro de vinte minutos, prometiam, não sei se cumpriam.
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Resumindo, e concluindo: só às três da manhã tínhamos feito o check-in no hotel. Atrás de nós ficou uma fila de umas vinte pessoas. Já a caminho do elevador vimos, quase no fim da fila, uma senhora com uma criança de poucos meses de idade o colo. Ninguém lhe cedeu a vez, nenhum empregado veio ter com ela. Devem ter chegado ao quarto às quatro da manhã. Demos por isso pelo contínuo rodar de malas no corredor.

Quanto a pequeno-almoço, almoço, cada qual que pague o seu.
Mas, por isso, não teria despejado aqui esta nota hoje.

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