Sunday, December 18, 2011

O PALHAÇO MUITÍSSIMO RICO

Sou suspeito.
Sempre considerei, e continuo a considerar, que o síndrome de idolatria, quaisquer que sejam os ídolos, é um sintoma de aberração mental, que pode atingir até os mais intelectualmente dotados. As idolatrias não se distinguem entre elas porque todas elas lançam raízes no mais insondável inconsciente da mente humana. In nomine dei se matam os fanáticos uns aos outros, sem poupar outros que só têm culpa de ter nascido. A idolatria dos habilidosos da bola é apenas uma variante dos fanatismos religiosos que têm dizimado meia humanidade antes de tempo.

O senhor Luis Filipe Madeira Caeiro Figo, nasceu dotado com habilidade para chutar a bola. Ganhou muito dinheiro e pelo dinheiro esmerou-se o mais que poude e soube, aliás, não nega que um dia, porque não era certo que lhe pagasem a exibição, foi peremptório: se não há dinheiro, não há palhaço. (cf. aqui). Até aqui, nada a apontar, o Figo trabalhou, a malta gostou e pagou. 

Arrumadas as botas, Figo continuou a facturar. Entre aqueles que compraram os serviços de Figo conta-se José Oliveira Costa, na altura presidente de uma coisa que dava (e ainda dá!, é incrível mas ainda dá!) pelo nome de BPN. Quanto facturou Figo, quanto lhe pagou o BPN, não sei. O que parece saber-se é que o BPN ainda deve a Figo 850 mil euros, uma ninharia que ele conta receber porque confia na justiça. E pode confiar: com um advogado conveniente, Figo vai acabar por receber a factura.

Quem paga?
Aqui é que entro eu. À força, mas entro.
O BPN está prometido, vai ser vendido ao BIC, outra coisa com um político retirado à frente. Segundo se sabe, o governo assumiu que pelos resultados dos processos jurídicos pendentes contra o mostrengo responde o Estado. Isto é, também eu.

Eu, que não idolatro nem nunca idolatrei fosse quem fosse. Pago, unicamente, pelo pecado de existir aqui.

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