Sunday, November 13, 2011

ABOMINÁVEL

Benfica, Porto e Sporting devem 350 milhões aos bancos


 "a dívida financeira (empréstimos à banca e empréstimos obrigacionistas) da SAD do Benfica está em 157 milhões de euros, a do FC Porto em 98 milhões e a do Sporting em 95 milhões", o que totaliza 350 milhões de euros.

"Quando vencer esta dívida, será que os bancos vão voltar a conceder empréstimos? (...)  os responsáveis dos principais bancos (CGD, BES e BCP) não quiseram comentar o caso particular de nenhum cliente, mas referiram que estão a ser mais rigorosos na concessão de crédito a todas as empresas e que os clubes de futebol não fogem à regra.

Ora aí está desvendada mais uma pequeníssima parte do iceberg  da dívida que os bancos importaram para aplicações que a grande maioria dos portugueses aplaudiu ainda que tenha de admitir-se que uma grande parte dos que aplaudiram, e continuarão a aplaudir, não fazia, e continua a não fazer, a mínima ideia do que aplaudia.

Agora que os banqueiros se revoltam contra as medidas que lhe impõem, agora que o Estado vai intervir no capital de alguns dos maiores bancos portugueses, agora que essa intervenção ameaça destapar alguns buracos de dimensões incalculáveis mas que as cotações em bolsa já denunciam, começa a perceber-se que as performances das equipas portuguesas, geralmente formadas por profissionais estrangeiros pagos a preços escondidos e escandalosos, decorre sobretudo do desvio de fundos que deveriam ter suportado o crescimento económico  sustentado do país para actividades que drogaram a economia.

A Caixa Geral de Depósitos, o banco do Estado que continua a recolher a confiança de milhões de portugueses pela sua condição de banco público tem sido gerido ao mais alto nível por alguma gente inqualificável. Um banco  a quem milhões de portugueses confiou as suas economias, porque era banco público, uma grande parte dos quais sempre sustentou, e continua a sustentar, essa confiança na visualização permanente dos saldos das suas poupanças numa caderneta do tempo da caneta de aparo, canalizou muitas dessas poupanças para actividades especulativas ou de interesse económico altamente duvidoso.

Pois foram, e são, esses senhores, grandes responsáveis pelo tráfico de favores e dos  níveis de endividamento em que o país se afoga, que reclamam um estatuto de excepção na aplicação das medidas de austeridade que  uma parte dos portugueses vai pagar, argumentando que desenvolvem uma actividade em concorrência e que, por essa razão, não podem deixar de ser competitivos nas condições que têm de ser oferecidas aos  traficantes.

Importa ainda não esquecer que, para além deste escandaloso endividamento dos clubes, um quinhão importante da dívida pública contraída para satisfazer a loucura, ou o crime?, do foguetório de construção de estádios, alguns dos quais estão hoje à venda, consentido por uma irresponsabilidade impune. Com a intermediação dos banqueiros, e dos bancoburocratas da Caixa Geral de Depósitos, desgraçadamente.

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