Monday, September 19, 2011

VIRGENS VIGARISTAS

A saga do Alberto João continua. Os media continuam a roer-lhe as canelas, a oposição aproveita a oportunidade de desforra. É natural. O Alberto confessou publicamente que tinha sonegado as contas porque, de outro modo, a Madeira não teria recebido o que recebeu, e a malta dos media, ávida como anda de escândalos que aumentem as audiências e as tiragens, não o larga. E o actual PS, que, conforme as circuntâncias, se pretende diferente e igual do PS anterior, tenta empatar este jogo sujo.  

Aliás, o Alberto é um especialista de alto gabarito em matéria de mobilização de massas, humanas e das outras. Muito natural é, portanto, que o seu jeito imparável para ganhar eleições sucessivas com maioria absoluta desperte nos media um interesse que lhe conceda um mediatismo redobrado.

Mas há quem continue incomodado com tanta mobilização à volta do Alberto João, e logo agora que o AJJ se prepara para renovar um mandato que já dura 33 anos, podendo ultrapassar no final de um novo mandato o período de 36 anos do consulado salazarista. É obra!

Afinal, argumenta-se, o Alberto João fez só aquilo que via fazer, e em muito mais larga escala. O governo anterior (querendo ser justos teremos de acrescentar, e não só, mas sobretudo) fez da desorçamentação uma prática corrente para esconder o crescimento escandaloso do valor real do défice público. De modo que, concluem, as virgens ofendidas deveriam olhar para o retrovisor.

Como se as vigarices de umas justificassem as vigarices das outras.

Há dias, o primeiro ministro, confrontado com o incómodo de manter o AJJ na companhia, respondeu que competia aos eleitores da Madeira julgarem o Alberto João. Uma desculpa de mau pagador: porque o senhor primeiro ministro sabe tão bem como toda a gente sabe que o AJJ não é julgado pelos eleitores da Madeira mas pelos seus empregados.

Aos quais, são os contribuintes de todo o país que pagam os salários sem que a esmagadora maioria deles tenha, neste caso, direito de voto .
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* Act.- Tribunal de contas detecta novo buraco de 220 milhões na Madeira (20/9)

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