Monday, June 27, 2011

MILAGRO

Eh! Eh! Eh! Mais uma oportunidade para a minha liberdade de expressão! A net é uma maravilha. Não fosse a net, e não teria qualquer possibilidade de desabafar, uma coisa que faz bem a tudo. O que eu me diverti ontem! Por um bom bocado esteve a casa cheia. A meio da tarde, dei logo conta que vinha alguém a chegar, e não eram os velhotes do costume, hum!!! era gente jovem, e acertei, é óbvio que acertei, às tantas vejo através das portas fechadas, dois como os de cá de casa, e o Mig e a Ri, que eu não conhecia mas já tinha ouvido falar, dois putos assim mais para a minha idade. Fiquei excitadíssimo, sabem? Nem todos os dias se tem tanta gente à volta, a gabarem-nos a elegância do andar, a originalidade das orelhas, a afabiliade do trato, a disciplina, e, melhor que tudo, miudagem que gosta de brincar comigo. Ralharam-me por me ter excitado. Uh!!! não nos podemos execeder numa terra destas... Ora é sabido que eu sou malaguenho, nascido em terra quente, tenho as minhas exuberâncias no sangue. Como Picasso, também malaguenho, e Banderas, outro de sangue quente, mas há mais, oh! se há!...Consultem a net, e verão o que Málaga já deu de ilustre a este mundo. Demos uma passeata pelo sopé da montanha, nada de escaladas altas, mas mal saí á rua, quem vejo eu? O meu vizinho. Quis-lhe apresentar as visitas mas devo-me ter excedido porque me ralharam , desta vez a sério. É assim, quando nos vem à pele o sangue quente do sul, é um escândalo. Tive de me conter, e portei-me todo o passeio como um verdadeiro suíço. Passava por amigos e conhecidos, e os cumprimentos não ultrapassavam a praxe. Aliás, toda os que vejo por estas redondezas, eles e elas, estão neutralizados. Eu também. Custa-me dizer, mas é verdade. De modo que as relações não vão além dos costumes olfactivos, passe bem  e eu também. A Cherry, nem isso. De vez em quando aparece um mais exaltado mas passa-lhe depressa. Aqui, é assim. Já na Itália, é bem diferente. O ano passado, ou terá sido já há dois anos?, uh!!!  tempo passa depressa, mas dizia eu que fomos até Itália. Gostei. Mas vim de lá acabrunhado. Lá não há neutralizações, de modo que quando passava por eles, depois dos cumprimentos da praxe, via-os olharem para trás a rirem-se de mim. Pior que isso, elas aceitavam-me mas cochichavam pesarosas. Tão elegante, tão cool, tão sex appeal, e impossibilitado, coitado. Como é que se pode consentir uma coisa destas, senhores? É uma prática de desorientação sexual forçada que não deveria ser legalmente consentida. Dormi mal noites seguidas, depois acabei por me conformar. É a vida!
Hoje,* subimos a montanha de teleférico. Para mim, banal. Mas os putos deliraram por me verem de novo. Quem não me gostou de ver, se não foi a mim não sei a quem poderá ter sido, foi o bilheteiro do teleférico. Antes que percebesse quantos éramos e quanto nos custava a ida, o homem, mal encarado, parecia um polícia do KGB a olhar e a remirar, esteve naquilo um tempão. Por fim, mexeu-se e lá fomos acima cantar os parabéns ao Mig. Agora não sei quando nos voltaremos a ver. É a vida. 
Já tinha dito isto, não tinha?
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*Junho, 26

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