Monday, January 17, 2011

PORQUÊ O FMI

Depois de mês e meio sem televisão, temos no programa desta noite da RTP 2 a questão já estafada: "Portugal vai escapar ao FMI" .
Não vai.
Uma vez por todas seria bom que os responsáveis políticos deste país, governo e oposições, fizessem as contas que, elementarmente, só conduzem a uma conclusão: Portugal não tem a mínima hipótese de pagar o que já deve se continuar a assumir endividamento às taxas de juro actuais. O FMI não pode deixar de concluir o mesmo.

E, porque incontornavelmente assim é, o FMI pode ajudar-nos a sair deste beco sem saída. Como? Desde logo a convencer os governos alemães e franceses daquilo que, também eles, sabem muito bem que assim é.

Mas esse convencimento não pode atingir-se sem a assumpção de compromissos que alterem substancialmente o relaxe que caracteriza geralmente o governo dos países em dificuldade. 

Há já algum tempo escrevia Martin Wolf num artigo que transcrevi neste caderno que não pode Merkel pretender que uma parte da Europa adopte à força um comportamento alemão. Não pode. Mas também não pode pedir-se aos alemães, como também referia um dos intervenientes no programa de hoje, paguem as dívidas de povos como os gregos (o exemplo é dado pelo treinador da selecção grega de futebol, Fernando Santos, a partir de Atenas) onde, por exemplo, a economia paralela atinge 50% e em dois dias da semana não trabalham da parte da tarde. E os  funcionários públicos gregos são um milhão e meio deles.

Portugal não é a Grécia. Mas também temos os nossos (maus) costumes para os quais os alemães franzem o sobrolho. E com razão.
-----
act.
Os juros da dívida pública a 10 anos voltam a ultrapassar a barreira dos 7% no mercado secundário. (hoje, 18)
Quando é que o governo consegue perceber que não pode o país continuar suspenso do que poderá vir a acontecer em cada próximo leilão?

No comments: