Monday, November 08, 2010

PORTUGAL ADORMECIDO

Dívida pública a 10 anos renovada a novo máximo de 6,902%.

O que dirá Teixeira dos Santos se, amanhã ou depois, as taxas atingirem os 7%? Recorre ao FEEF/FMI? 
As declarações de há dias do ministro das finanças de que o recurso a ajuda externa seria inevitável se as taxas da dívida pública atingissem  o patamar dos 7%  foram desastradas.  Porque, agora, é quase certo que, mais dia menos dia, estarão lá.
O Financial Times de hoje dedica a Portugal uma longa reportagem pelas piores razões: mais do que o fantasma do FMI é a perspectiva da inevitabilidade da perda da moeda única que se agiganta e nos torna cada vez mais vulneráveis. Muitos continuam a argumentar que o problema não é só nosso nem pode ter solução com recurso único aos nossos próprios meios. Mas só têm meia razão.

António Vitorino, de quem se dizia ocupar lugar decisivo na definição da estratégia do PS afirma, em entrevista ao "Diário Económico" que o Governo de José Sócrates acordou tarde para o problema da dívida soberana e  defende a convergência das forças políticas numa plataforma comum. Sem ela, acrescento eu, a confiança dos credores na execução compromissos assumidos no OE 2011 esvai-se e os espculadores regalam-se.

Pelas minhas contas, que não recorrem à tabuada de Vitorino, o Governo ainda não acordou, está agora, quanto muito, estremunhado. Há muito tempo que Sócrates deveria ter  reconhecido que não poderia governar sem uma base parlamentar de apoio alargada. E a plataforma comum de que fala Vitorino só  Sócrates a poderia, e deveria, ter construído. Vitorino também acordou tarde, pelos vistos. Sócrates não construiu essa plataforma em tempo oportuno e continuará pouco disposto a fazê-lo. Porque não quer? Porque não é da sua índole.

Por este andar não será Teixeira dos Santos que terá de dar o dito por não dito, mas Sócrates, que terá de chamar a ambulância.

9 comments:

aix said...

António Vitorino pode vir agora dizer o que quiser. O que o povo diz (já o ouvi por muitas vezes) é que quando se tratava de dar o seu contributo fugiu com o rabo à seringa para não perder as chorudas benesses que (dizem) aufere.Mas nessa carruagem não está só. Quando o navio arde os ratos fogem.Muitos ex-Ministros das Finanças só agora é que cantam de galo.É os líderes que temos...
Até amanhã.

rui fonseca said...

Caro Francisco,

Cem por cento de acordo.

Até amanhã.

António said...

Não devia ser Sócrates a chamar a ambulância.
Devia ser um Zé qualquer a chamar o delegado de saúde, a polícia e esta o cangalheiro e o coveiro. O coveiro, uma máquina escavadora das grandes para fazer a tal vala comum.
O sr. professor doutor presidente, várias vezes reformado, ainda activo, era o primeiro a entrar na cova.
Para tantos que agora falam, todos os que agora não dispensam faladura, era direitinho.Tiro na boca.
O Jintau que esteve aqui ontem a comprar e tornar-nos seus escravos pela mão dos facínoras que cá temos podia dar umas lições.
Se esse dia fosse amanhã, era uma alegria.
Infelizmente, não seria um amanhã de canto, mas será mais um amanhã de choro, de fome, de frio e de caminhada para mais alguém que vai até meio da ponte a pé.
Só até meio da ponte.

Outros, optam pela corda, pela estrada, pelo tiro e demais métodos. Coisas do Portugal de hoje.

rui fonseca said...

"O Jintau que esteve aqui ontem a comprar e tornar-nos seus escravos..."

A si também, António?
A mim, não, garanto-lhe.

António said...

"A mim, não, garanto-lhe."

Para o ano aumentam-lhe a luz outra vez.
A não ser que passe a fazer como já muitos fazem:
Viver quase às escuras, ir para debaixo de uma montanha de cobertores às 19 horas.
Aí poupa e não lhes paga muito.Mesmo assim, parte do que pagar via parar aos chineses.

António said...

Jornal chinês defende redução do "Ocidente" a "referência geográfica"
A China deve reduzir o Ocidente a uma referência geográfica e cultural e desenvolver as relações com a União Europeia como "um contrapeso" à influência dos Estados Unidos, defendeu hoje um jornal oficial.

rui fonseca said...

"A China deve reduzir o Ocidente a uma referência geográfica e cultural e desenvolver as relações com a União Europeia "

Boas notícias, não?

António said...

Péssimas.
Ainda mal começaram e já estamos de rastos.

rui fonseca said...

"Ainda mal começaram e já estamos de rastos."

Já estávamos.