Saturday, September 25, 2010

GRANDES CULPADOS

Grandes culpados da crise que se instalou, e que ninguém sabe como extirpar sem medidas íntragáveis, são os bancos. Os bancos dispõem de poderes quase soberanos sobre a economia dos indivíduos e das nações. De modo inimputável, porque quando a acumulação das suas opções perversas descamba em crise e o risco sistémico apavora todos, os contribuintes são chamados a resgatá-los. É o risco (i)moral a que até agora não se pôs cobro.

Em Portugal não se fala de outra coisa, depois do futebol e dos tombos da justiça quando os arguidos são gente fina: o endividamento das famílias, dos bancos, das empresas, do Estado. Sobretudo do Estado, porque nos endivida a todos, mesmo os mais poupados. 

E, no entanto, a banca, fragilizada segundo o presidente da Associação de Banqueiros, continua imperturbável a enfiar pela garganta abaixo mais e mais endividamento aos cidadãos que, embasbacados com as miríficas sugestões que lhe chegam de todo o lado , abrem a boca e emborcam mais dívidas.

Há dias recebi do banco uma carta que me propunha transferir o "plafond" do meu cartão de crédito para a minha conta DO. Para quê?, perguntei ao funcionário do balcão. Ora para quê? Para poder gastar mais. E o que ganho com isso, se passo a ter menos "plafond" disponível no cartão de crédito?, insisti. Há pessoas que precisam de dinheiro para pagamentos que o cartão não permite, foi a resposta. Se, como é vulgar nestas circunstâncias, o cliente não paga a totalidade da dívida no seu vencimento mensal, sobre o valor não pago serão debitados juros à TAEG de 25,2%.

Um fim-de-semana inesquecível!
Um relógio de sonho!
Uma reviravolta no closet!
Um fim-de-semana com amigos!
Tudo isto e muito mais aqui, por exemplo.

As pessoas são responsáveis e têm de saber governar os meios de que dispõem, defendem aqueles que defendem esta táctica banqueira de casa de penhores. Que não ameaça apenas os endividados mas toda a sociedade.

Que fazer?

Pelo menos informar.
A RTP, para quem todos pagamos para prestar serviço público, que não sabemos qual seja, deveria promover esse esclarecimento. Não o faz. Pelo contrário, alinha ao lado do incentivo desmiolado ao consumo através de programas do tipo "Preço Certo".

Mais valia que fosse privatizada e negociado com os operadores privados espaço para o tal serviço público.
Reduzia-se na despesa e alguma coisa se descontaria na dívida pública.

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