Friday, June 04, 2010

CONFUSÃO E HIPOCRISIA

Ouvindo a intervenção recente de Cohn-Bendit no Parlamento Europeu (aqui) sem preconceitos ideológicos nem interesses particulares de qualquer ordem, o deputado dos verdes, o agitador mais emblemático de Maio de 68, merece palmas. Não porque o seu discurso tenha sido, para além de vibrante, original, mas porque resume aquilo que a generalidade da opinião pública conhece mas a real politik não quer reconhecer: que o delírio consumista e despesista que tomou conta de vários países foi instigado de diferentes modos e os principais instigadores são conhecidos, os governos e os banqueiros.
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A confusão em que o sistema financeiro global mergulhou após a crise detonada pelo engodo das sub prime e a sua subsequente venda a retalho em todo o mundo,  e que ainda está bem longe de ser deslindada, provocou a emergência generalizada de outras situações de excesso de crédito concedido sem respaldo de garantias. O endividamento foi emborcado pelos tomadores dos empréstimos em muitos casos por pressões incontidas dos bancos. Se o dinheiro era abundante e barato (as duas situações casam-se sempre) e os incentivos incessantes, quem é que resistiu à tentação de comprar hoje e amanhã logo se vê? Quem tinha arreigados hábitos de poupança ou já estava servido, e disponibilizou os meios que chegaram aos perdulários.
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Agora estamos perante a quadratura do círculo: dieta e crescimento.
Só vejo uma saída: Ou reduzir as dívidas ou deixar cair o valor do dinheiro.
Hoje, 1 euro = 1,196 dólares. A barreira de 1,20 já lá vai. Qual será a seguinte?
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O euro iniciou-se em 1 de Janeiro de 1999 com uma paridade de 1,183 relativamente ao dólar.

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