Monday, March 15, 2010

OPORTUNIDADE E LIDERANÇA

O País precisa de uma alternativa credível, toda a gente o diz, incluindo, por razões que também se percebem, os que governam. Precisaria em qualquer caso, mas precisa sobretudo no momento em que o carácter de quem governa é colocado em cheque a propósito das mais variadas e inexplicadas situações.
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É neste contexto que o principal partido da oposição, aquele que, em princípio, se espera que seja convidado a formar governo quando o actual perder a maioria que o suporta, reune em mais um Congresso e dá um monumental tiro no pé. De que falam hoje os media? Do PEC e das propostas que os candidatos apresentaram para o tornar uma linha de rumo credível, motivadora, equilibrada e renovadora? Da redução dos gastos que alimentam os parasitas do Estado que os candidatos (não) denunciaram?
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Não.
Falam da aprovação da proposta do ex-presidente que anda por aí a exibir as feridas mal curadas. Aprovada pela maioria qualificada que o regimento requer, nenhum dos candidatos se opôs defendendo a desaprovação. Uma vez aprovada, dizem-se todos contra.
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De um líder, qualquer que ele seja, mas por maioria de razão se ele tem ambições de governar Portugal num momento crucial da sua história, requer-se, além do mais, sentido de oportunidade. Se dos quatro candidatos nenhum deles revelou entre os seus correlegionários a capacidade e o sentido de oportunidade de afirmar o sentido das suas convicções mais elementares que pode esperar-se quando o eleito tiver de confrontar-se em terrenos menos conhecidos?
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Lamentavelmente, o descrédito dos candidatos não ficou pela aprovação de uma medida que os adversários, internos e externos, vão explorar até ao tutano, e que, na altura oportunista, poucos assumirão que votaram a favor e porquê. E não se ficou por aí, porque o sebastianismo que pairou e continua a pairar sobre o partido, se pavoneou no Congresso sem apoiar nenhum dos candidatos.
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Por uma razão evidente: Apoia-se a ele e rebola-se de gozo na sua condição de o desejado.
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Actualização: Ouço na televisão P Santana Lopes condenar os candidatos por não confirmarem cá fora o que aceitaram lá dentro (no Congresso, entenda-se). Depois de ter lançado a proposta que fez esquecer no dia seguinte tudo o mais que se passou no Congresso, o seu autor continua a favorecer aquilo que, diz ele, a sua proposta queria evitar: a continuação das múltiplas fracturas do partido.
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- Apoia algum dos candidatos?
- Até agora nenhum dos candidatos me convenceu.
Gostei do discurso de Marcelo (apoiaria Marcelo de se ele se candidatasse). Gostei do discurso de Marques Mendes. Também votaria em Marques Mendes se ele fosse candidato.
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Para análise comparada do assunto:
DA DISCIPLINA PARTIDÁRIA
Artigo 94º (Das sanções disciplinares)
1. Os membros do Partido estão sujeitos à disciplina partidária, podendo ser-lhes aplicadas as seguintes sanções:
a. Advertência; b. Censura; c. Suspensão até um ano; d. Expulsão.
2. Três advertências equivalem automaticamente a uma pena de suspensão de três meses.
3. A Comissão Nacional de Jurisdição pode converter em pena de expulsão a terceira ou subsequentes penas de suspensão, para o que o processo lhe é obrigatoriamente remetido com os necessários elementos de instrução.
4. Fora do caso previsto no número anterior, a pena de expulsão só pode ser aplicada por falta grave, nomeadamente o desrespeito aos princípios programáticos e à linha política do Partido, a inobservância dos Estatutos e Regulamentos e das decisões dos seus órgãos, a violação de compromissos assumidos e em geral a conduta que acarrete sério prejuízo ao prestígio e ao bom nome do Partido.
5. Considera-se igualmente falta grave a que consiste em integrar ou apoiar expressamente listas contrárias à orientação definida pelos órgãos competentes do Partido, inclusivé nos actos eleitorais em que o PS não se faça representar.

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