Monday, March 22, 2010

O TRABALHO DE CASA

É bem provável que se Helmut Kohl fosse o actual Chanceler da Alemanha, a história da Europa teria um percurso diferente daquele para onde a quer levar a Chanceler Merkel. Esta é opinião de Wolfgang Münchau expressa no artigo do Financial Times de hoje que transcrevi aqui, e do qual destaco:
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"Ms Merkel is not a politician driven by a strong historical destiny, unlike Helmut Kohl, her predecessor but one as chancellor. However real the constitutional problems may be, I suspect Mr Kohl would never have hidden behind a technical or legal argument on such a crucial issue."
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Mas poderia ser muito diferente?
A intransigência da Alemanha em aderir ao resgate dos países europeus em dificuldade, a começar pela Grécia, do qual ela seria sempre a principal contribuidora, parece começar a sobrepor-se nos media e nos orgãos europeus às causas que levaram esses países às condições problemáticas em que se encontram. E, no entanto, mesmo que a Alemanha com Kohl fosse mais pródiga e solidária, as causas dos problemas estruturais dos outros não seriam, só por isso, ultrapassadas.
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A coabitação na União Europeia e, principalmente, no seio do SME impõe a descoberta de formas de convivência que têm de ser encontradas pelos colectivos dos seus membros mas também por cada um deles individualmente e, muito particularmente, daqueles que se encontram mais desfasados do pelotão mais avançado.
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Mas isso implicaria uma forma diferente de relacionamento interno entre os agentes políticos e os parceiros sociais. Um relacionamento que está bem longe da guerra de guerrilha a que assistimos em Portugal esquecendo os seus protagonistas aquilo que é imprescindível e urgente fazer: um compromisso histórico, que terá de ir muito para muito para além do PEC, acerca daquilo que a coabitação na UE e o uso de uma moeda implicam.
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A discussão em curso acerca do PEC, que deveria constituir um ensaio para a construção desse compromisso, está a ser, lamentavelmente, inquinada pelo jogo dos interesses individuais, que são muitos, sem que apareça alguém a tocar a reunir, como se impunha.
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