Thursday, January 07, 2010

CARTEL FARMACÊUTICO

Nenhuma farmácia aderiu à venda de medicamentos em unidose, seis meses após a entrada em vigor da lei.
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O que prova três coisas, pelo menos: Que as prescrições dos médicos não têm em consideração a economia dos doentes, muitas vezes tão débil como a sua saúde; Que mesmo os médicos do SNS não receberam instruções para prescreverem as quantidades à medida das necessidades dos tratamentos; Que os Ministérios da Saúde e da Segurança Social ainda não se entenderam no sentido de obrigar as farmácias a satisfazerem as receitas consoante as quantidades prescritas.
Sendo a Segurança Social um cliente com um peso decisivo no negócio farmacêutico, não se percebe a distracção deste tutor dos interesses do Estado (dos contribuintes, no fim de contas) numa acção de poupança que poderia ser expedita. Não é, por quê?
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Mas também se prova outra coisa: Há um cartel farmacêutico que os poderes públicos não conseguem ou não querem desmantelar. Houve, recentemente, um Ministro que tentou, mas despediram-no.
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Quando tanto se fala da urgente redução da despesa pública porque é que tão pouco se fala daquilo onde ela pode e deve ser reduzida?
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Quando, há quase trinta anos, recorri a um Hospital em Londres, fiquei surpreendido quando aviei a receita: sete comprimidos retirados de um frasco grande de vidro para o outro pequeno que me entregaram com a quantidade prescrita. Nem mais um nem menos um do que aquilo que o médico me tinha indicado: um comprimido por dia ao almoço durante sete dias. O que prova que não somos um país rico mas não olhamos a gastos. Neste caso, há pelo menos trinta anos.

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