Wednesday, January 06, 2010

BONIFICAÇÃO GERAL

Mais de 80 por cento dos professores foram classificados com Bom. Houve menos de 0,5 por cento de classificações com a nota regular ou insuficiente.
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Se os professores são bons porque é que os resultados são maus?
Uma boa equipa consegue, geralmente, bons resultados. Por que razão não consegue a maior parte das equipas portuguesas de educação bons resultados? Por uma razão simples: A avaliação não é feita em função dos resultados obtidos.
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Ninguém, se não for tonto, afirmará que os jogadores de uma equipa que se situa nos últimos lugares da classificação geral são bons, alguns são muito bons e alguns excepcionais, e menos de 0,5% são regulares ou menos que isso. No ensino secundário em Portugal, os professores, que não são geralmente tontos, pretendem à viva força tomar por tontos os portugueses em geral.
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A Ministra, que não é tonta, deduz, e bem, que mais de 80% são regulares, e propõe a progressão mais rápida na carreira para os muito bons e excepcionais. Mas os sindicatos não consentem e prometem lutar, com o apoio de várias bancadas parlamentares, pela bonificação geral. Até ao fim.
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De quê?

9 comments:

aix said...

Desde muito cedo percebi que o objectivo da frenprof não era a avaliação dos profs mas a progressão automática por antiguidade. Os resultados das 'avaliações' aí estão para o provar e são uma mistificação vergonhosa. Aliás a avaliação de desempenho é uma questão técnica que não diz respeito às competências sindicais, que se devem preocupar sim com os resultados da avaliação e, a partir daí, exercer as suas funções
reivindicativas. Mas já não se vai lá, desde que se substituiu uma pessoa com conhecimento dos problemas e sentido das responsabilidades por um 'bibelot de prateleira'.





actividadese

rui fonseca said...

"se substituiu uma pessoa com conhecimento dos problemas e sentido das responsabilidades por um 'bibelot de prateleira'."

Caro Francisco,

Inteiramente de acordo.

Joaquim Ferreira said...

Sei que é aborrecido voltar a comentar um post num blog que tem em vista denegrir a imagem dos professores. Mas, meu caro. Vai dizer-me que os jogadores do Braga são melhores que os do Benfica e do Porto? Ou que só alguns (5%, o que corresponde a apenas 2!) é que são bons ou excelentes? E, se o Braga passar de primeiro lugar na liga para o 9º, fruto do que se sabe que se passa muitas vezes no futebol (lesões, expulsões, acumulação de amarelos, etc, etc, porque nem quero falar das arbitragens uma vez que de futebol, pouco ou nada percebo!) os jogadores passam de Bestas a bestiais e de bestiais a bestas!... Enfim, meu caro. Eu confesso qeu não percebo patavina de futebol. Não sou, por isso, "treinador de bancada" como imagino que o senhor, obviamente, será! Porém, também não sou nem tonto nem estúpido. Mas concluo que de Educação, está visto que o senhor não percebe mesmo nada. Deduz-se do seu ponto de vista do senhor Rui Fonseca, que considera os alunos como azulejos opiu tijolos que se distribuem aos trabalhadores: perfeitos ou imperfeitos mas de igual qualidade. Pois engana-se! Para os professores, Os Alunos Não São Tijolos! Por isso, não é possível comparar os professores pelos resultados, como o senhor aqui advoga. Aliás, diferentemente dos jogadores de futebol, as aulas não são públicas., E se não há consenso entre os especialistas do futebol sobre quem foi o melhor jogador em campo, como é que quer que se avalie os professores pelos resultados se os alunos são todos especialmente diferentes e de escola para escola, os recursos são também diferentes? Já imaginou as injustiças que se vão operar? Já sei a sua resposta: Pouco importa. Todos é que não podem subir! OK! Porque é que, aquando de uma final, se um clube ganha o troféu até os jogadores que ficam no banco ecebem as medalhas? Ahhhhh. Claro. E nem um pé na bola puseram, não é veerdade? E o que fez um auto-golo que ia fazendo o clube perder? Também recebe a medalha? Ahhhh Curioso! Deixe-se de comentar assuntos de que não sabe absolutamente nada... Faça como Sócrates (o filósofo, é claro!) e apenas escreva: "Sobre este tema, ''Eu só sei que nada sei!''. repare bem: ganharia eu... ganharia o senhor, e ganharia o país. Era menos uma quantidade de "calinadas" que teríamos de ler. Mesmo assim obrigado pela oportunidade! Não Calarei A Minha Voz... Até Que O Teclado Se Rompa !

aix said...

O que eu comentei foi os resultados da avaliação dos professores (0,5% abaixo de ‘bons’).O meu comentário não envolvia qualquer crítica ou desvalorização do trabalho desses profissionais. O artigo para que remete «Os Alunos Não São Tijolos» está cheio de doutrina, muita verdadeira mas também muita discutível e nenhum dos argumentos invalida (quanto a mim) a possibilidade e a necessidade da avaliação, pese embora os problemas que se põem quer a montante quer a juzante (acções sobre os avaliados). Contrario que «não é possível comparar os professores pelos resultados». Na avaliação de desempenho que se pratica nas empresas também são consideradas as condicionantes e faz-se. O próprio colocador de tijolos não é medido pelos tijolos colocados na unidade de tempo
‘tout court’. Respeito a actividade docente, como respeito muitas outras até a daqueles que estão a fabricar cigarros, mas não alinho no discurso da «nobre missão do educador».
« A "Escola Social" onde os valores eram adquiridos (trabalhados, construídos...) deixa de ser uma referência pois as crianças passam o seu tempo na escola». Mas o conceito de «Escola Cultural» que se inscreve numa pedagogia bem actualizada permite a interdependência Escola-Sociedade.
Um pequeno comentário:
« Porque é que, aquando de uma final, se um clube ganha o troféu até os jogadores que ficam no banco recebem as medalhas? Ahhhhh.»
(Mas olhe que não têm a mesma remuneração).
Sem corporativismos cegos acho bem que se defenda a classe e, sobre o tema invoco o meu aluno que comentava a sentença do Sócrates dizendo: ‘e eu nem sei que nada sei’.

A Chata said...

"Se os professores são bons porque é que os resultados são maus?"

Porque os pais não têem tempo, nem vontade e, em muitos casos nem preparação para educar os filhos e acompanhar o trabalho escolar.
Porque se tornou pratica comum substituir a falta de disponinilidade dos pais por prendas: telemóveis, ténis de marca, play-stations e muitas horas de televisão e uma permissiviadade total.

A escola é apenas um reflexo da sociedade.

Hoje, fui buscar a minha neta de 5 anos à escola pré-primária.
Quando cheguei vi que todas as crianças da sala estavam sentadas a ouvir uma história com um ar algo comprometido.

Quando perguntei à minha neta se se tinha passado alguma coisa fiquei a saber que os meninos, de 4 e 5 anos, da sala dela estavam de castigo porque os brinquedos apareceram partidos, os trabalhos e os cartazes da sala onde têem aulas tudo rasgado.

Ainda não sei o que se passou mas, palpita-me que ninguém vai querer saber.
Só que desta vez, deram com uma avó Chata.

Já entrou numa escola pública do secundário?

Não digo que não haja mais professores maus dos que os tais 0,5% mas, a raiz dos problemas do ensino não é de maneira nenhuma só a qualidade dos professores.

A concorrência desenfreada nas empresas também tem contribuído para que os pais não tenham disponibilidade de tempo nem de energia para acompanhar o desenvolvimento dos filhos.

Os valores transmitidos pelos programas infantis, consumidos durante horas pelas crianças também não são os melhores.
Já assistiu à programação do Panda ou da Disney? As Bratz, as Winkx, as Barbie...

Como costumo dizer, não queria ser professora nas escolas de hoje e se, por acaso, fosse obrigada a isso, seria despedida em 2 tempos porque de certeza quer ia distribuir algumas palmadas. Primeiro aos meninos que não têem limites nem educação e depois aos pais que viessem reclamar por estarem a prejudicar uma criança para a vida.

rui fonseca said...

Caro Joaquim,

Obrigado pelos seus comentários.
Aqui no Aliás as discordâncias são especialmente apreciadas.

Fique sabendo, caro Joaquim, que este caderno de apontamentos não tem nenhuma intenção de denegrir a imagem seja de quem for. Se o percorrer, e já tem mais de 1500 apontamentos, concluirá que são raras as citações de nomes de pessoas.

Mas o facto de não ser partidário, nem clubista, nem obrigado a qualquer credo, não implica que não pretenda ser observador tanto quanto possível atento da realidade.

E a realidade é esta caro Joaquim: A FENPROF e a outra cujo nome não recordo agora, ouvi esta manhã na rádio, continuam a fazer finca pé na pretensão de todos os professores classificados como "bons" atingirem o topo da carreira.

Ora eu não atribuo todas as responsabilidades do fracasso do ensino em Portugal aos professores. Mas os professores não podem deixar de serem incluídos na apreciação que se faz da qualidade de ensino.

Ou não é verdade?

Do meu ponto de vista, a qualidade do ensino prende-se sobretudo com a exigência que os empregadores colocam aos candidatos. Se os empregadores não cuidam de averiguar se os candidatos possuem as habilitações que o diploma que ele exibe diz ter, admitirá muito provavelmente quem não sabe quanto é três vezes nove.

Neste sentido, a Universidade é um "empregador" de alunos que vêm do secundário. Se não há provas de admissão, entram candidatos que não têm as bases mínimas que a frequência do curso a que se candidatam exige.

Mas nada disto justifica a posição intolerável numa sociedade adulta dos sindicatos dos professores: não querem submeter-se a avaliação (se não há quotas a avaliação é uma brincadeira de faz de conta),não aceitam que novos candidatos ao ensino sejam submetidos a provas de admissão, pretendem que todos possam atingir o topo da carreira.

Ora isto é simplesmente intolerável.Imagine o Joaquim que todos os oficiais das forças armadas queriam uma carreira que os levasse a todos ao generalato.
O que pensaria o Joaquim dessa exigência?

rui fonseca said...

Cara Amiga A.,

Concordo que o pais também têm muitas culpas no cartório. Mas isso não justifica a exigência absurda dos professores pretenderem querer chegar todos ao topo da carreira.

Nenhuma carreira profissional, nem aqui nem em lado nenhum, poderá garantir uma exigência tão inadmissível.

A Chata said...

Rui

O que pretendi dizer foi que a crise do ensino não se deve unicamente a maus ou bons professores e portanto a sua afirmação =se os professores são bons poeque é que os resultados são maus" não me parece totalmente correcta.

Quanto à posição dos sindicatos dos professores é tão irrealista como a daqueles que defendem que o Estado deve aumentar as pensôes, pagar as dividas dos bancos falidos, construir TGVs, e já, agora, porque não, construir uma torre maior que a do Dubai?

Anda tudo a delirar...

Olhem para Grécia e pelo que se vai passando lá podemos ter uma ideia do que nos espera.

No entanto, se continuamos a pagar 17500 Euros/mês e mais mordomias a incompetentes que deixam bancos praticar fraudes durante anos impunemente e pelas quais estamos a pagar ainda não se sabe bem quantos biliões, não sei se temos moral para criticar os professores ou quem quer que seja que peça aumento de ordenado.

rui fonseca said...

"não sei se temos moral"

Penso que temos porque não somos beneficiários nem cometedores de nenhuma imoralidade paralela.

Quanto aos resultados da educação: é verdade que os professores não são responsáveis exclusivos da má qualidade do ensino. O que não é compreensível é que haja tantos professores bons e os resultados sejam tão maus.

Mas, como previsto, os sindicatos já conseguiram o que queriam.