Sunday, December 27, 2009

MISSÃO IMPOSSÍVEL

Segundo o Público de hoje, Trichet apelou aos países da zona euro para reduzirem os défices, o mais tardar, em 2011.
Vai ser complicado para a maior parte, virtualmente impossível para alguns, entre os quais Portugal. Imagino que, ouvindo o apelo do presidente do BCE, ninguém disse mas quase todos, se não todos, os delegados terão pensado que o apelo não passará disso e não é para ser levado a sério.
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A questão do défice, até Sampaio já o reconheceu, não sendo de somenos importância, não é, contudo, o maior busílis que se coloca, para já, a Portugal. Muito provavelmente, haverá contemporizações até para os grandes, e Portugal será absolvido com pena suspensa, por tabela.
O problema maior mais imediato é o crescimento galopante da dívida externa, aquela que nos faz depender de juízos que não admitem contemporizações.
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Recentemente, J Ferreira do Amaral
, (Crime e Castigo, in Económico) voltava a incriminar aqueles que negociaram as condições de adesão euro assacando-lhes as responsabilidades (criminosas, segundo ele) da situação em que a economia e as finanças de Portugal se encontram. Nunca percebi os objectivos desta cruzada de JFAmaral que, em qualquer caso, me parecem inconsequentes ainda que fossem pertinentes.
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Inconsequentes, porque a história não volta atrás, não pertinentes, porque a adesão ao euro implicava uma mudança radical de gestão das contas públicas que os sucessivos governos ignoraram. E foi, sobretudo, essa ignorância que causou o descalabro em que nos metemos. Pretender que sejam, agora, os alemães a corrigir o tiro é o mesmo que pedir ao atirador para correr atrás da bala e emendar-lhe a trajectória.

9 comments:

António said...

Pois é.
O que eu sei é 5 contos nunca mais acabavam e 25 euros, não são nada.

rui fonseca said...

"O que eu sei é 5 contos nunca mais acabavam e 25 euros, não são nada."

Caro António,

Não se esqueça que quando falamos de 5 contos falamos de 2001. Se nos tivessemos mantido com os escudos quanto valeriam 5 contos hoje? Não se esqueça que, desde o tempo do outro senhor, nunca a inflação foi tão baixa em Portugal como desde a nossa entrada no euro.

Ou não é verdade?

António said...

Bom dia.
Não é de 2009 que falo.
refiro-me às diferenças, logo a seguir á entrada do euro.
A partir daí, descontando as baixas de preços nos artigos de luxo que são incluidíssimos nas estatísticas, tem sido um tal andar.
A inflação oficial não tem nada que ver com a inflação real.
E esta ultima é a que conta por ser a verdadeira.
Ganhamos menos de metade dos alemães, franceses, luxemburgueses, espanhois, etc. e pagamos tudo ao mesmo preço, em muitos casos até mais caro que eles.
Um alemão que ganha três mil euros compra um litro de leite ao mesmo preço que um português, que ganha mil. Pagamos energia mais cara, água idem,combustíveis, etc. etc.
Estatísticas e contas manipuladas é o que se faz melhor neste canteiro sujo e mal frequentado.

A Chata said...

Caro Rui

Um Bom Ano 2010.
Que possamos continuar a contar com este blog para nos informar, esclarecer e trocar opiniões.

" nunca a inflação foi tão baixa em Portugal como desde a nossa entrada no euro. "

Pode ser.
Mas, em 2001 um ramo se salsa custava 50 centavos e passou a custar 50 centimos (100 escudos).
Foi nas pequenas coisas que se deu uma subida de preço, em alguns casos, astronómica.

Mas, para quê chorar o leite derramado?

rui fonseca said...

"A partir daí, descontando as baixas de preços nos artigos de luxo que são incluidíssimos nas estatísticas, tem sido um tal andar."

Caro António,

As estatísticas recolhidas em Portugal seguem os procedimentos adoptados internacionalmente e são validadas pelo Eurostat.

Incluem milhares de items e milhares de locais de recolha de informação. O cabaz do índice de preços no consumidor (IPC) é dos mais testados em todo o mundo e nem os Sindicatos o põem em causa.

Se tivessemos continuado no escudo ou teríamos seguido o euro por perto ou teríamos desvalorizado
estrondosamente. Neste caso, o que valeriam hoje 100 escudos? Um ramo de salsa?

"Ganhamos menos de metade dos alemães, franceses, luxemburgueses, espanhois, etc. e pagamos tudo ao mesmo preço, em muitos casos até mais caro que eles."

Os preços, em mercados livres, podem ter pouco que ver com os ganhos. Se houver aumentos significativos de crédito o dinheiro disponível é o que se ganha mais o que se pede emprestado. Como sabe, Portugal o endividamento do Estado, das empresas, dos bancos, das famílias, tem aumentado de forma (que deveria ser) alarmante.

Segundo artigo publicado na Visão da semana passada, em 2000 o endividamento das famílias portuguesas representava 88% do seu rendimento disponível. Em 2008 representava 135%. Em contrapartida, a taxa de poupança baixou de 10,3% para 6,5% no mesmo período de tempo.

rui fonseca said...

Cara Amiga A.,

Por onde é que tem andado?

É sempre um prazer voltar a contar com os seus comentários.

Um feliz ano 2010 também para si e para os seus!

E apareça sempre!

António said...

Não sou contra o euro.
Sou contra todos os que me querem dizer que dois mais dois são três.
Que coisa, homem.
Pegue num papel e lápis e faça contas, por si, não com base nas dos outros.
Veja o que valia uma série de artigos em 2001 e veja o valor de agora. Divida por estes anos e tem a inflação.
Quero lá saber dos mentirosos do instituto ou dos do eurostat.
Esses são os que me dizem que estamos melhor agora que em 2001 e nos fazem crer que quanto mais gastarmos, melhor.
Melhor para eles, só que não é isso que dizem.
O Analfabeto trichet, dizia que era melhor para a economia, subir as taxas de juro. Vê-se.Quando isto caiu, baixou logo. Uma besta!
Também dizem que a crise já passou. Para eles, sim.
Não são mentirosos, dizem é as coisas ao contrário.
Bestas a fazer de nós cretinos.

rui fonseca said...

"Veja o que valia uma série de artigos em 2001 e veja o valor de agora. Divida por estes anos e tem a inflação."

Caro António,

E que série de artigos devemos considerar? E que preços? O IPC recolhe preços de muitos items (não só artigos mas também serviços) em muitos locais.

Eu não me atrevo a contestar a validade do IPC. Não tenho dados para o fazer.

Conhece alguém que tenha?

António said...

Não conheço.
As falcatruas e manigâncias não são publicadas. Fica tudo em segredo, tal como o ladrão que não vai directo à bófia contar o que fez.
De vez em quando lá sai alguma coisita cá para fora, ou se descobre alguma coisita, sem querer, sem ser de propósito.

Mas o que não se pode negar é que esta inflação é falsa, porque os estudos que a determinama não s~so bem feitos, sabe-se lá porquê.

O que determina coisas como esta?
-1 par de botas de trabalho, custa exactamente o mesmo (cerca de 150 euros, aqui e na Alemanha).
- 1 garrafa de vinho tinto Monte velho custa mais 30 cêntimos na Alemanha, do que cá.O transporte deve ser de borla para eles e nós pagamos a despesa toda.
Porque se faz tanta manigância nas contas das empresas por esta altura do ano?
Vendas agora, entregas para o ano que vem e recebimentos lá para Junho.
Enchem-se armazéns e armazéns de produtos de exportação que só irão para o seu destinatário daqui a dois ou três meses.
Quer dizer, aumentam-se ficticiamente as vendas com o intuito de enganar os accionistas, o próprio estado , ou só a cmvm?
Sabe que é assim, não sabe?
Até é capaz de vir nos livros ou fazer parte da estratégia de algum guru da economia.
E as empresas iam dizer que fazem isto?
As manigâncias fazem-se às escondidas. Toda a gente sabe, só que alguns não querem saber.
Ninguém engana ninguém, pois não?