Tuesday, January 06, 2009

PALAVRAS DE GOVERNADORES

Ora aqui está um tema que merece umas contas e não apenas uma apreciação apologética.

Não é a primeira vez que Vítor Constâncio defende a ideia de que o endividamento não é uma variável crítica na prossecução de uma política de crescimento económico (agora de combate à crise)da economia portuguesa integrada num espaço alargado coligado por uma moeda única.

Ainda há bem pouco tempo um ex-governador do BP chamava a atenção para o silêncio do actual governador
a propósito dos dez anos do SME e criticava a posição de VC a propósito da neutralidade da dívida.
.
Temos, portanto, um tema que opõe frontalmente dois economistas, um dos quais teve e outro tem a responsabilidade máxima no BP.
.
E a minha questão não é tanto a de saber de que lado está a razão (embora todos gostássemos de saber, suponho eu) mas se se trata de um problema inexpugnável em termos objectivos e, portanto, quantificáveis, ou não terá resposta cientificamente irrefutável, pelo menos transitoriamente, e terá de tombar irremediavelmente para o campo subjectivo a receber palmas ou apupos consoante os admiradores.

Uma conclusão parece admissível: Se o Mississípi se endivida (ou a Califórnia) para além do seu nível de resistência (a partir do qual alguma coisa tem de acontecer que inverta a tendência) o consumo e o investimento retrocedem, o desemprego aumenta e a emigração acelera. O Mississípi não emite moeda.

Se a dívida externa portuguesa continua a progressão ao ritmo actual alguma coisa acontecerá porque é impensável que possa crescer indefinidamente. E a emigração não parece ser a válvula de escape, sobretudo nas actuais circunstâncias.
Alguém sabe que saída vislumbra Vítor Constâncio?
Ou, mais metodicamente, alguém sabe fazer umas contas?
-----------
Sugestão de leituras : Palley, Krugman, Münchau, National Journal. Para uma crítica do senso comum sobre a Dívida Pública, ver o dossier do Le Monde Diplomatique (edição portuguesa de Julho 2008).

No comments: