Monday, January 26, 2009

MALTHUS REVISITADO

Afirma João Miguel Vaz, em comentário a propósito do artigo Japan Works Hard to Help Immigrants Find Jobs, publicado no Washington Post, que citei aqui :
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Discordo em absoluto da noção: a falta de crescimento demográfico é um problema.
O planeta tem gente a mais, especialmente o Norte Ocidental e o Sudoeste Asiático. A pressão sobre os recursos torna-se sim um problema dramático. A procura do crescimento pelo crescimento, mais e mais bens materiais, até ficarmos inanimados por uma obesidade mórbida, e aborrecidos de morte tal é a abundância de tudo e mais alguma coisa. Já no Sul a escassez de recursos conduz à existência de má nutrição de grande parte da população.O problema das nossas sociedades (e do Japão) também é que deixamos de saber viver sem "crescimento económico" i.e. sem estarmos obcecados com "o ter".
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As the world population continues to grow geometrically, great pressure is being placed on arable land, water, energy, and biological resources to provide an adequate supply of food while maintaining the integrity of our ecosystem. According to the World Bank and the United Nations, from 1 to 2 billion humans are now malnourished, indicating a combination of insufficient food, low incomes, and inadequate distribution of food. This is the largest number of hungry humans ever recorded in history. In China about 80 million are now malnourished and hungry. Based on current rates of increase, the world population is projected to double from roughly 6 billion to more than 12 billion in less than 50 years (Pimentel et al., 1994). As the world population expands, the food problem will become increasingly severe, conceivably with the numbers of malnourished reaching 3 billion.

2 comments:

Rui Fonseca said...

Caro João,

Concordo com grande parte do que afirmas mas não me parece que o artigo publicado no WP tenha muito a ver com a tua discordância.

Essencialmente por razões económicas, as pessoas imigram para onde supõem encontrar melhores oportunidades. Não há nada de lamentável nisto a não ser as razões motivadoras da imigração.

Quanto ao facto de os japoneses estarem a criar condições para reter no Japão os nipo-brasileiros que perderam os seus empregos ou estão em risco disso,também não me parece que possa merecer senão o nosso aplauso: Não resulta desta política de retenção aumento demográfico global
mas uma melhor distribuição entre um país mais rico onde a população decresce (o Japão) e outro menos rico (o Brasil) onde ela cresce. A imigração, aliás, é como os ventos: corre das altas pressões para as baixas.

Ainda quanto ao aumento da população vis-a-vis a fome no mundo: Não é pelo facto de a população estar a crescer na Ásia que há fome em África. As teorias malthusianas têm vindo a ser sistematicamente desmentidas pela história económica.

A fome no mundo não decorre da falta de meios físicos para a eliminar mas da falta de vontade dos países mais ricos para resolverem a questão. A fome continua a ser a "doença" mais mortal da humanidade mas não é falta da capacidade de produção de alimentos que a origina.

Voltando ao Japão: O artigo do WP relata bem as razões que preocupam os japoneses e nós não podemos senão estar de acordo com elas. Não se trata de uma obsessão pelo crescimento que leva os japoneses a preocuparem-se com o crescimento demográfico mas a sua subsistência como povo a longo prazo.

Parece-me legítimo. Não?

A Chata said...

Não são só os imigrantes brasileiros...

Workers urged: Go home and multiply
By CNN's Kyung Lah

TOKYO, Japan (CNN) -- Even before one reaches the front door of Canon's headquarters in Tokyo, one can sense the virtual stampede of employees pouring out of the building exactly at 5:30 p.m.

In a country where 12-hour workdays are common, the electronics giant has taken to letting its employees leave early twice a week for a rather unusual reason: to encourage them to have more babies.
"Canon has a very strong birth planning program," says the company's spokesman Hiroshi Yoshinaga. "Sending workers home early to be with their families is a part of it."
...
http://edition.cnn.com/2009/WORLD/asiapcf/01/26/canon.babies/index.html

"...mas a sua subsistência como povo a longo prazo. "

Talvez esteja na altura de num Mundo global, começarmos a pensar global em vez de nos limitarmos a pensar unicamente na nossa 'tribo'.

Começarmos a pensar como habitantes do planeta Terra, que não é infinito, em vez de Japoneses, Portugueses ou Indianos.

Mesmo que os recursos ainda sejam suficientes para a população Mundial se ( e este é um grande SE)melhor distribuídos, ao continuarmos a crescer ao ritmos actual, até quando isso será verdade?

Se pensarmos no que poluímos, destruímos, nas alterações climáticas que enfrentamos
parece-me que o panorama não é tão idilico como pretende.

Por cada país que está a perder nacionais (não população, porque os imigrantes tambem o são) existem outros em que a população continua a crescer a ritmos nada pequenos.

Se quiser números
http://www.overpopulation.org/