Sunday, October 05, 2008

O FIM DAS ABELHAS

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Quem foi que até há dez anos esteve fechado?

Agora abriram a loja e nós fomos a correr. Quando abre um centro comercial é a mesma coisa. À entrada monta-se uma baiuca com uma impressora multi-usos para fotocopiar docmentos e emitir um cartão de crédito para assim caçar mais patos que vão gastar o que não têm.
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O chamamento oriental, mais os seus milhões de consumidores (presumiram), acertou em cheio nos papalvos acabados de sair de Harvard, Oxford e outros locais onde se aprende teoria para pôr em prática e fugir assim que a tal coisa acerta na ventoinha (Não é A?). Bastava tirar os olhos do Fin Times e ver que tipo de encomendas os amarelos andavam a fazer na Industria Ocidental.E mais, que equipamentos industriais e fábricas obsoletas andavam comprando e desmantelando para voltar a pôr a funcionar na terra eles. Lixo, para produzir lixo. Lixo muito barato.
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À custa disso vão tendo surpresas e coisa admiráveis tais como pessoas empoleiradas em árvores substituindo-se às abelhas. Sabe porquê? Porque a poluição é tal e o uso de lixo tóxico na agricultura, a fazer de pesticida e herbicida, na ânsia de produzir mais e mais, que acabaram com a grande ferramenta de Deus que faz com que haja frutos. Admirável, não e? Pessoas empoleiradas em árvores a polinizar, com um pincel feito de penas de galinha, flor por flor. Patético.
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Há dias o sr. dr. Durão da CEE veio dizer que é preciso auxiliar financeiramente, através de donativos, os países com problemas alimentares. Com dinheiro? Para quê, para irem ao macdonald's, ou com dinheiro para os seus corruptos governantes comprarem mais armas e bens de luxo ao Ocidente? Mais balões de oxigénio?Não acha que é um absurdo e não-sério fazer tal apelo? Dinheiro para África?
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Não sei nem tenho a veleidade de querer saber qual a solução para o problema que aí está. Mas sei que todo o auxílio que os governos derem ao Sistema Financeiro, será dinheiro mal gasto que irá, tal como os donativos pedidos pelo dr. Durão, parar aos offshores e a quem lá tem as contas.Fechar tudo e voltar para casa, pode a solução. Fazer Reset. Voltar ao princípio. Desligar e voltar a ligar ou como fazemos aos nossos computadores quando estes resolvem bloquear ou causar dores de cabeça ao utilizador.Fazer Restauro do Sistema para data anterior. Mas a todo!
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Pior do que tudo isto, acredite, vai ser o desaparecimento das abelhas como animal domesticado e produtivo. Se as não salvarem, dentro de dez anos, não haverá fruta, nada se produzirá. Esse sim, é um problema sério. Sabia disso?

8 comments:

António said...

Então, não insisto e digo que é assim, as coisas são assim mesmo? Deus é que sabe?
Não é erro do computador, pois não?

Bom Domingo.

A Chata said...

Antonio
O nosso amigo tem razão.
A culpa não é da globalização mas, da natureza de alguns seres humanos que não resistem à ganancia, ao lucro facil, ao enriquecimento proprio insaciável mesmo que isso implique sacrificar as vidas dos que o rodeiam e, até neste caso, as vidas das gerações que se seguem.

A ideia de globalização até me é simpática, sempre me considerei mais uma habitante do planeta Terra do que pertencente a uma qualquer parcela do mesmo.

O problema é como essa globalização se instalou.

Enriqueceu 'meia-dúzia' e empobreceu ou manteve na pobreza milhares e milhares de pessoas.

Criou problemas climaticos complicados sobre os quais os cientistas se dividem mas, dos quais temos noticia diariamente.


Sabe quantas crianças morrem à fome neste mundo globalizado?

Quantas pessoas vivem abaixo do limiar da miséria (e cada dia há mais)?

(E não é só em Africa.)

Grandes desequilibrios normalmente dão origem a grandes trambolhões.

Bem tento não ser pessimista mas,
como diz o Antonio, parece-me que se aproxima o fim das abelhas ou lá perto...

Rui Fonseca said...

Caro António,

Eu não contesto o que o meu Amigo escreve neste seu comentário. Posso discordar em algum pormenor mas concordo com o essencial.

Parece-me, contudo, que ao abordar a questão das raízes da actual crise financeira é errado considerar que a culpa está do lado da globalização, desculpabilizando os verdadeiros culpados e a verdadeira culpa.

A crise acontece porque alguém usou de instrumentos que enganaram meio mundo em altíssimo proveito próprio. A isso não pode chamar-se globalização mas roubo em larguíssima escala. E aos que roubam costuma chamar-se ladrões.

Sei que este não é o designativo para quem rouba milhões. Mas é essa a realidade.

O que é costume fazer a quem rouba?
Em princípio o grau da pena deve corresponder ao grau do crime. Mas não é isso que acontece. E quem rouba deve ser obrigado a devolver o que furtou. Mas não é isso que, nestes caos, tem acontecido.

O que é que a globalização tem a ver com isto? Facilita o contágio mas não germinou o vírus.

Disparando para o alvo errado nunca
se atinge o objectivo pretendido.

Não concordam?

António said...

Boa noite.
Meus Amigos, embora pareça, não sou contra a Globalização, nem contra a Democracia.
Aceito a Globalização mas com cada macaco no seu galho. Ou seja, os idiotas que pensaram obter, à custa da globalização, fabulosas vendas e lucros, prejudicando ou descartando-se de quem lhes deu o ser com o seu esforço, empenho, zelo e competência, enganaram-se e vêem agora o buraco em que se meteram. Os seus putativos futuros grandes clientes, são um plof.
Do que produzem, não venderam nem vendem coisa que se veja, os numeros começaram a baixar e a entar no vermelho.
A crise começou aí, com a falta de confiança no futuro, em que se é novo para a reforma, velho para trabalhar e nem sequer ter onde. Estamos fartinhos de ver situações destas de há dez anos para cá.
Essa é a principal causa da crise que ora se vive.
É a causa remota.
A causa próxima, é fazer da economia um jogo da lerpa, uma roleta. Ganhar, sem trabalhar, seja a jogar na bolsa, seja a vender crédito.
As bolsas são sempre uma ratoeira, quem joga ganha e perde, mas acaba por sair sempre à banca.
A Banca, ou os novos gestores dela que de banqueiros têm pouco, resolveu entrar pelo crédito fácil adentro. Emprestou a quem? Está a perder? Paciência, faz parte do jogo.que se lixem.
Para mim, a crise financeira não é a crise da Banca.
É a crise das pessoas que se viram de um dia para o outro sem trabalho, sem futuro e com compromissos que não podem honrar.
Que países, como a China e a India queiram entrar no mercado global, que o façam, apresentando produtos que compitam no mercado, em pé de igualdade com quem lá está, seja pela categoria, competência, qualidade ou preço. Isso é entrar na Economia Global chegando ao Mercado e dizendo, eu tenho isto e isto, querem?
Se não tivermos, talvez nos interesse, se tivermos igual ou melhor, talvez não.
Entrar na Economia Global pela mão e pelo pé da economia Ocidental com o argumento do preço obtido por dumping estatal ou por mão de obra quase escrava e infantil, para mim não serve. Não gosto. Tem de ser como na bola, onze, contra onze. Mas esses novos "parceiros da economia global" entram também com árbitro e tudo. Jogam por baixo da mesa.Não está certo.
De resto, chamar Globalização a isto, por causa da entrada de dois países no jogo, esquecendo que há muitos mais que poderiam entrar mas são abafados por estes dois, não considero uma coisa exacta. Isto, é uma parte de uma globalização, ainda falta muita gente.
É a minha opinião.

Rui Fonseca said...

Caro António,

Então o que é que, do seu ponto de vista, deve ser feito?

Voltarmos às barreiras alfandegárias?

António said...

Voltarmos às barreiras alfandegárias?

Até pode ser, para tudo que tenha preços dumpados.
Mais de 80% fica logo de fora. O resto, como é produzido em condiçõesw desumanas, exploração de trabalho infantil e presidiário em regime de escravatura, também pode ficar vedado.
Produzir em igualdade de circunstâncias é o que está correcto.Mas não é preciso ser tão radical e fechar a porta. Basta impôr restrições a produtos produzidos dessa maneira.
Se na Europa não podemos produzir nada em condições semelhantes, porque aceitamos no noso mercado coisas dessas?
Há dias, a propósito do leite chinês, vi na tv, ordenhas que mais pareciam pocilgas.
Aqui tem de ser tudo esterilizado ao máximo nível, no entanto, compra-se daquilo.
Enfim.

Rui Fonseca said...

"Há dias, a propósito do leite chinês, vi na tv, ordenhas que mais pareciam pocilgas.
Aqui tem de ser tudo esterilizado ao máximo nível, no entanto, compra-se daquilo"

Tem toda a razão, neste caso. Mas suponho que há restrições à entrada destes produtos se oriundos das pocilgas que refere.

Quanto ao chamado dumping social, estive envolvido num processo com esses contornos e posso garantir-lhe que é matéria muito difícil de contrapor.

Dou-lhe um exemplo: Se a um empregado em Portugal numa fábrica de sapatos forem garantidos ordenados de 100 e benefícios sociais de 20, poderemos impor que os chineses façam o mesmo?

Poder podemos, mas no dia seguinte temos os negócios fechados com todo o mundo que não ganhe tão bem como nós e com os que ganham melhor que nós. Isto é, praticamente com todos.

António said...

Mas suponho que há restrições à entrada destes produtos se oriundos das pocilgas que refere.

Sei lá. Depois de embaladinhos fica tudo com um aspecto lão lavadinho, tão limpinho...
Adiante