Sunday, July 13, 2008

34 PERGUNTAS

O Público, na sua edição da passada quinta-feira, dia em que o PM foi à AR dar conta do estado da Nação, publicava 34 perguntas dirigidas a José Sócrates feitas por igual número de figuras públicas (na concepção do jornal) convidadas para o efeito: ex-ministros, empresários, militares, padres, artistas, cineastas, escritores, economistas, jornalistas, professores e médicos.
.
Mesmo que a amostra não seja altamente representativa das preocupações mais instantes das elites portuguesas, a análise das questões colocadas demonstra, em todo o caso, uma dispersão temática tão alargada que parece reflectir a ausência de um conjunto de assuntos suficientemente críticos que possam, pelo menos pela negativa, demonstrar alguma consensualidade entre os portugueses mais habilitados a reflectir sobre os problemas do país.
.
E das duas, uma: Ou não existem problemas suficientemente críticos para centripetar as opiniões mais informadas, ou existem mas foram subalternizados pelos interesses próprios de cada perguntador. Como a primeira hipótese não é crível, sobretudo na situação de crise que toda a gente, e sobretudo os opinion-makers, insistentemente apregoa, só pode concluir-se que os interesses corporativos continuam a sobrepor-se aos interesses nacionais.
.
Se esta gente estivesse a bordo de uma barca abalrroada, cada qual continuaria agarrado à tábua mais próxima instintivamente convencido que se a barca se afunda aquela parte dela a que se encontra agarrado manter-se-á à tona.

No comments: