Friday, May 09, 2008

DESNORTE

Ouço na rádio, esta manhã, que Ludgero Marques vai sair da presidência da Associação Industrial Portuense e concedeu uma entrevista à Antena 1. Além do mais, Ludgero Marques critica os políticos nortenhos que emigrarm para Lisboa, e em Lisboa trataram das suas vidinhas e esqueceram ao que vinham: defender os interesses nortenhos nas instâncias do poder residentes na capital do país. Também critica os políticos em geral que tomam decisões que prejudicam os interesses nacionais e não são punidos por isso. A título de exemplo, referiu a criação das Scut, uma iniciativa do governo Guterres, forjada pelo então ministro João Cravinho.
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Estes e outros políticos deveriam ser responsabilizados, pois não é, segundo Ludgero Marques, admissível que um empresário perca a sua empresa se comete erros e nada perde o político que os faz com dimensões muito maiores.
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Não diz Ludgero como é que a punição, que preconiza, dos políticos possa ser administrada em regime democrático, para além da apreciação que deles possa ser feita nos momentos eleitorais. Para além, evidentemente, dos casos em que as acções dos políticos, por razões de ilegalidade grave caiam na alçada da justiça e eles sejam condenados pelos tribunais. Porque, ainda que se concorde com ele no caso das Scut, por exemplo, fica-nos a impressão que a critica de Ludgero Marques é tão pouco estruturada quanto o desabafo do homem da rua que sente o que está mal mas nem sabe explicar porquê nem como sair da encrenca. O que, manifestamente, é pouco sobretudo para quem tem um curriculum como Ludgero.
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Ludgero, por outro lado, deveria também reconhecer que se os políticos são maus, e nomeadamente os do Norte, nem todos os empresários nortenhos que ele representou durante 23 anos são exemplares: alguns perderam as empresas mas colocaram os seus interesses próprios a salvo, outros perderam as empresas mas passeavam-se, e continuam alguns a passear-se, em carros de gama altíssima. Terá Ludgero alguma vez reparado nestes grandessíssimos empresários?
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