Thursday, April 10, 2008

NÚMEROS DA CRISE

Segundo o Fundo Monetário Internacional, as perdas resultantes da crise financeira actual poderão atingir em todo o mundo cerca de 1 trilião de dólares. Não é a primeira estimativa que aponta para aquele valor astronómico; Nouriel Roubini, que aqui tenho citado, há bastante tempo que tinha calculado um valor daquela ordem de grandeza.
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Recomenda o FMI, que esta semana tem em Washington a sua reunião semestral, que os bancos revelem urgentemente todas as suas perdas, reequilibrem os seus balanços, procedendo a aumentos de capital, se necessário, aperfeiçoem os seus procedimentos de controlo de risco e reconsiderem o modo como retribuem os seus dirigentes de topo.
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As estimativas do FMI das perdas dos bancos, seguradoras, fundos de pensões e outros investidores, indicam, perdas em dólares de:
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565 biliões nos EUA em contratos de crédito à habitação,
240 biliões em contratos de crédito para escritórios e centros comerciais,
120 biliões em contratos de crédito para a compra ou expansão de negócios.
1,5 milhões de contratos de crédito para habitação rescindidos em 2007. A administração Bush apresentou ontem um plano de apoio à continuação de 100 mil contratos.
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Os valores das perdas nos EUA atingirão cerca de 945 biliões, considerando as perdas esperadas nos próximos dois anos. As perdas suportadas fora dos EUA rondarão os 55 biliões de dólares.
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Se bem se entendem estas estimativas, não são apenas os contratos subprime os responsáveis pela crise; o oportunismo, o laxismo e a ganância dos banqueiros alargou-se bastante para lá do crédito a famílias de rendimentos débeis. Se quisermos usar uma medida mais comum de avaliação das perdas em território norte-americano, elas correspondem a 10 mil dólares por cada família residente nos EUA, ou seja cerca de 10% do seu PIB anual. *
Mas ninguém vai preso.
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* Ainda que a uma redução da riqueza acumulada não corresponda, obviamente, uma redução paralela do PIB.

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