Sunday, December 23, 2007

ESTAGFLAÇÃO À VISTA?

Há dias, a propósito de um post de Tavares Moreira, no Quarta República ("Nova inflação") acerca das perspectivas que ensombram o próximo ano económico, em contraposição às miragens de alguns, nomeadamente de Vítor Constâncio, comentei interrogando: Estaremos à beira de uma situação de estagflação no próximo ano?
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Volto ao tema porque cada vez me parecem mais persistentes as perspectivas de ameaças nas principais economias: Nos EUA, os índices de preços no produtos e no consumidor estão a subir acentuadamente numa altura em que se observa uma estagnação do crescimento da economia. O crescimento de 3,2% no índice de preços no produtor foi o mais elevado mês-a-mês desde 1973, quando o embargo árabe de petróleo castigou severamente a economia norte-americana. Greenspan, a propósito deste cenário homólogo, comentou que apareceram os primeiros sintomas de estagflação.
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Mas se os EUA poderão confrontar-se a curto prazo com uma situação inflacionista em conjuntura depressiva, na zona euro os preços estão a crescer ao ritmo mais acelerado desde 2001; na China, por outro lado, a inflação está a atingir os valores mais elevados dos últimos 11 anos. Ora é sobejamente conhecido o pavor que o espectro inflacionista incute nos dirigentes chineses por verem nele o indomável rastilho de uma revolta.
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Nos EUA os custos de energia subiram 21,4% relativamente ao ano passado; os de alimentação 4,8%. O Fed tem, portanto, à sua frente uma equação de solução imprevisível: Se privilegia a recuperação económica corre o risco de induzir nos agentes económicos expectativas inflacionistas e não recuperar o crescimento económico.
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A situação económica será, indiscutivelmente, um dos dois vectores fundamentais das opções eleitorais dos norte- americanos nas presidenciais de Novembro do próximo ano: o outro é a guerra no Iraque e no Afeganistão. A questão económica favorece os Democratas; o reacender da guerra, apesar das culpas registadas no cartório republicano, tenderá a favorecer estes, apesar das sondagens à opinião pública sobre o assunto neste momento poderem reflectir o contrário.

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